O mercado poderia ter focado no forte fluxo de caixa apresentado pela Minerva no terceiro trimestre, mas preferiu olhar para o Ebitda mais fraco que o esperado e a demanda ainda fraca da China, derrubando as ações da companhia controlada pela família Vilela de Queiroz.
No fechamento, os papéis de Minerva recuaram 13%, a maior do Ibovespa. Desde o início da pandemia de covid-19, os papéis da maior exportadora de carne bovina da América do Sul não valiam tão pouco.
A frustração ocorreu porque, com os preços baixos da carne no Brasil e sobretudo na China, a importante queda nos preços do boi gordo não foi totalmente convertida em um resultado mais robusto como alguns analistas imaginavam.
Considerando que neste quarto trimestre o boi gordo sobe e os preços de venda continuam fracos, ganhou força a expectativa de resultados decepcionantes também neste último trimestre do ano.
“Não há grandes sinais de recuperação dos preços internacionais da carne bovina no curto prazo. A demanda chinesa não melhorou a ponto de resultar em um aumento nos preços de importação. Ao mesmo tempo, os preços do gado subiram sequencialmente falando, por enquanto até 4% em relação ao trimestre anterior”, afirmou Ricardo Alves, analista do Morgan Stanley, em relatório.
Com as perspectivas mais incertas para a rentabilidade e a falta de previsibilidade sobre os ativos que serão transferidos da Marfrig —a transação ainda necessita de aprovações regulatórias —, também fica mais limitado o escopo para o pagamento de dividendos no curto prazo, lembrou o analista Thiago Bortoluci, do Goldman Sachs.
Nos últimos anos, o elevado payout do Minerva vinha sendo um driver positivo para a ação. Com a alavancagem mais alta após a aquisição, a remuneração aos acionistas deve ficar sensivelmente menor.
Apesar disso, há pontos positivos no longo prazo.
Se a integração das 16 plantas adquiridas da Marfrig for bem sucedida, a Minerva estará em uma posição diferenciada no fornecimento global de carne bovina, oferecendo um amplo potencial de valorização, disse Thiago Duarte, analista do BTG Pactual.
Ao recomendar compra do papel, o analista ainda destaca que o ciclo deve contar a favor da Minerva, com ampla oferta de animais no Brasil e redução da produção nos EUA.
Em 12 meses, as ações da Minerva acumulam queda de quase 50%. Nesta quinta-feira, a empresa valia R$ 4 bilhões na bolsa.