Máquinas agrícolas

Depois da John Deere, AGCO prepara demissões

Em reestruturação para enfrentar forte queda nas vendas, empresa anunciou corte de até 6% no número de funcionários

Tratores da Massey Ferguson, marca da AGCO

O fraco desempenho do mercado de máquinas agrícolas vai causar mais demissões. A AGCO está iniciando uma reestruturação global que deverá resultar em uma redução de até 6% no número de seus funcionários. No início deste mês, a John Deere avisou seus colaboradores que demissões estavam a caminho.

Com a reestruturação, a AGCO busca diminuir custos e melhorar eficiência, segundo comunicado divulgado ao mercado nesta semana. A companhia, dona das marcas Valtra, Massey Ferguson e Fendt, estima uma economia entre US$ 100 milhões e US$ 125 milhões após a implementação das mudanças.

A maioria dos cortes deve ocorrer neste ano e no primeiro semestre de 2025, informou a empresa. As despesas com encargos e rescisões devem ficar entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões.

A redução no quadro de funcionários, de até 6%, é estimada com base na força de trabalho da companhia em 31 de dezembro de 2023, de aproximadamente 28 mil funcionários. As demissões, portanto, podem atingir quase 1.700 pessoas.

No primeiro trimestre deste ano, as vendas de colheitadeiras e de tratores da AGCO na América do Sul caíram 40% e 18%, respectivamente, em relação ao mesmo período de 2023.

“Depois de três fortes anos, a demanda do varejo na América do Sul deve cair mais em 2024 devido à queda no preço das commodities e na renda dos produtores”, disse a companhia no seu release de resultados do primeiro trimestre. “No Brasil, a demanda foi negativamente impactada pela escassez de recursos no programa de subsídios do governo e por uma colheita desafiadora no Cerrado”, acrescentou.

Em março, a AGCO decidiu suspender parte da produção em sua fábrica de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul, para readequar a oferta à demanda. A medida, que afetou cerca de 350 colaboradores, foi inicialmente anunciada para um período de três meses.

John Deere

A AGCO não é a única gigante de máquinas que está precisando enxugar para enfrentar um ano de crise. No início deste mês, a John Deere avisou seus colaboradores que cortes seriam inevitáveis em meio à significativa queda na demanda.

“Infelizmente, isso significa a saída de alguns de nossos talentos e dedicados colegas”, escreveu John May, CEO da John Deere, em carta a funcionários revelada em uma reportagem da agência Bloomberg.

No caso da Deere, ainda não há clareza sobre a extensão dos cortes, mas ela deve ser conhecida em breve, durante a divulgação dos resultados do terceiro trimestre fiscal. Em maio, a empresa norte-americana reduziu o seu guidance para as vendas este ano, com um destaque para a América do Sul. Na região, liderada de longe pelo Brasil, a previsão é de uma retração entre 15% a 20% nas vendas de tratores e colheitadeiras.

A deterioração do mercado de máquinas agrícolas tem impactado o desempenho das ações das empresas na Bolsa de Nova York. Os papéis da AGCO, que vale US$ 7,4 bilhões na bolsa, caem 7% em um mês e 25% em 12 meses. As ações da John Deere subiram 2% nos últimos 30 dias, mas ainda caem 8% em um ano. O valor de mercado da empresa é de US$ 104 bilhões.

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