Análise

É o porco! Como o BTG explica as boas margens da BRF no Brasil

Principal razão da melhora nos resultados de alimentos processados tem origem no mercado de commodities: a queda dos grãos, diz BTG

A BRF tem comemorado uma melhora contínua nas margens de produtos processados, que voltaram aos níveis vistos nos áureos tempos da dona da Sadia. Parte desse movimento pode ser atribuído a melhoras operacionais, mas, para os analistas do BTG Pactual, ele está mais relacionado a um motivo claro e simples: o alívio dos preços dos grãos usados na criação de suínos.

A maior parte dos volumes de processados vendidos pela BRF está em categorias como salsichas, presuntos e mortadelas. Esses produtos têm a carne suína como matéria-prima e um limitado espaço para aumentos de preço. As margens nas vendas dessas categorias, portanto, são mais dependentes do comportamento de seus custos.

Na divulgação dos resultados do terceiro trimestre, na semana passada, o CEO da BRF, Miguel Gularte, disse que a empresa reduziu os seus estoques com grãos a um valor mínimo, abrindo espaço para a compra de insumos a preços mais baixos. Nos nove primeiros meses do ano, o preço do milho caiu 33% segundo o indicador do Cepea.

“Enquanto os investidores normalmente veem o negócio de alimentos processados como menos commoditizados, nós enxergamos uma alta correlação com as oscilações dos preços das commodities associados com a carne suína”, diz a equipe de analistas liderada por Thiago Duarte em relatório distribuído hoje.

A conclusão vem de uma longa série de cálculos que os analistas vêm fazendo sobre a correlação entre as margens de carne suína (ou spreads, que consideram apenas os custos com ração) e as margens reportadas pela BRF no mercado doméstico.

Os gráficos mostram uma alta correlação, verificada também entre os preços médios de venda de carne suína no Brasil e os preços médios de venda da BRF no País. “Como os spreads de carne suína vem melhorado nos últimos trimestres, as margens da BRF também têm melhorado”.

O ciclo favorável do porco, no entanto, pode estar perto do fim com a expectativa de que os custos com grãos voltarão a subir em breve, alertam os analistas.

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Na bolsa, a BRF está avaliada em R$ 24 bilhões. As ações já subiram quase 80% em 2023.

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