Combustíveis

Etanol disparou nas últimas semanas — Raízen e São Martinho agradecem

Preço às usinas subiu 14% nas últimas duas semanas; BTG vê espaço para novas altas

Após uma expressiva queda em dezembro, o preço do etanol nas usinas disparou nas últimas semanas devido a uma recuperação na demanda —uma tendência que pode estar só no começo, segundo analistas do BTG Pactual.

A produção de cana maior do que o esperado, aliada à queda no preço da gasolina no ano passado, resultou em um descompasso entre a oferta e a demanda no final do ano passado. Os estoques aumentaram para níveis históricos, derrubando os preços nas bombas abaixo da paridade de 70% com a gasolina em muitos estados. Agora, o consumo reage.

O preço do etanol hidratado recebido pelas usinas subiu 14% nas últimas duas semanas, para R$ 2,28 o litro, segundo o indicador do Cepea para o combustível posto em Paulínia (SP).

Além da vantagem dos preços na bomba, a proximidade do Carnaval e da mudança tributária prevista nos valores da gasolina no início de fevereiro, fator que elevará o preço do combustível fóssil, aqueceu o mercado.

É um movimento positivo para companhias como Raízen e São Martinho, que seguraram as vendas de etanol e agora poderão vender o biocombustível a uma cotação melhor.

Os analistas do BTG veem espaço para novas altas, considerando um aumento na participação do etanol no consumo de combustíveis do ciclo Otto. “Com os preços nas bombas ainda baixos em relação à gasolina, acreditamos que a demanda continuará a aumentar”, dizem Thiago Duarte, Henrique Brustolin e Pedro Soares em relatório divulgado nesta quarta-feira.

Depois de cair para 35,8% no ano passado, a participação do etanol no consumo de combustíveis do ciclo otto atingiu 41,6% em novembro e, segundo estimativas do banco, teria subido para 42,3% em dezembro.

Se a demanda por combustíveis em geral (ciclo otto) crescer cerca de 1% entre janeiro e março, na comparação anual, e a participação do etanol atingir 47%, os estoques de etanol chegarão a 2,7 bilhões de litros ao final da safra, o que corresponde a apenas 7,7% da demanda anualizada e um nível normalizado.

“Se o mercado se comportar como normalmente, esperamos que a paridade de preço nas bombas volte para os 70% em São Paulo, implicando em um preço do etanol hidratado nas usinas acima de R$ 2,50 o litro”, dizem os analistas. “Acreditamos até que os preços eventualmente ultrapassarão esse nível para conter a demanda em algum momento.”

O BTG recomenda compra das ações das empresas do setor sucroalcooleiro que cobre —Raízen, São Martinho e Jalles Machado. Em um ano, os papéis dessas empresas acumulam valorização de 26%, 17% e 5%, respectivamente.

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