A família Scheffer, dona de um dos maiores grupos agrícolas do País, atingiu uma participação de 5,37% na SLC, segundo fato relevante divulgado nesta quarta-feira pela companhia.
Cinco membros da família — incluindo o patriarca Elizeu Scheffer e o atual diretor financeiro do grupo, Guilherme Scheffer — dividem a posição de 5%, avaliada em cerca de R$ 445 milhões, considerando o preço de negociação desta quarta-feira.
A participação societária tem como objetivo investimento, e os membros da família Scheffer informaram que não exercerão seus direitos políticos até a aprovação da operação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), de acordo com o comunicado. Os acionistas informaram também que atuarão como um bloco, ou seja, votarão de forma unânime.
“Movimentação curiosa da família Scheffer ao atingir mais de 5% das ações da SLC, sobretudo ao citar que esperam o posicionamento do Cade antes de exercer ‘direitos políticos’, mas o que conseguimos checar até o momento é que seria uma posição apenas de investimento”, Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos, comentou em nota a clientes.
Na direito antitruste, a medida é uma praxe. Como os dois grupos são relevantes no mercado de grãos, o exercício dos direitos políticos — votar em assembleia e indicar membros ao conselho, por exemplo — precisaria do aval do órgão antitruste.
Desde segunda-feira, as ações da SLC subiram 8%, considerando a cotação máxima registrada nesta quarta. Em um ano, porém, o papel ainda acumula queda de 7,9%.
Na terça, quando os Scheffer ultrapassaram 5% de participação (patamar que torna a comunicação ao mercado obrigatória), a SLC foi o único papel do Ibovespa a apresentar alta.
Nesta quarta-feira, a companhia também registra a maior alta do índice, com um volume de negociações acima da média. Até 16h30, o papel já tinha negociado 82 milhões de ações. Ontem, foram 54 milhões.
Segundo maior acionista
Com a participação de 5%, a família Scheffer se torna o segundo principal acionista da SLC depois da família Logemann, fundadora da empresa gaúcha e controladora do maior grupo agrícola do Brasil, com 55%. Em bolsa, a SLC está avaliada em quase R$ 8 bilhões.
Até o ano passado, a posição de segundo maior acionista da SLC era ocupada pela Odey Asset Management, firma do investidor britânico Crispin Odey, que no ano passado foi alvo de denúncias sobre assédio sexual.
Depois do escândalo, a Odey Asset Management começou a se desfazer da posição na SLC que, em maio do ano passado, era de 9%. As vendas ocorreram, possivelmente, para fazer frente aos saques que as empresas de Odey enfrentaram após o escândalo revelado por reportagem do Financial Times em meados de 2023.
O grupo Scheffer cultiva soja, milho e algodão em 215 mil hectares nas duas safras, segundo informações de seu website. Com origem no Paraná, a família foi uma das pioneiras no desenvolvimento da agricultura no Cerrado na década de 1980. Nos últimos anos, sob o comando de Guilherme Scheffer, o grupo tem se dedicado à expansão dos negócios de agricultura regenerativa.