Em um momento de stress para as revendas agrícolas, a Fiagril decidiu vender a Green Ventures, subsidiária criada em 2023 que contava com uma indústria de biodiesel em Lucas do Rio Verde (MT). A compradora é a Oleoplan (sigla para Óleos Vegetais Planalto), empresa comandada por Irineu e Marcos Boff, respectivamente pai e filho. O valor da transação não foi divulgado.
Em comunicado divulgado nesta noite, Henrique Mazzardo, CEO da Fiagril, afirmou que a revenda deve concentrar ainda mais seu foco no mercado de distribuição de insumos agrícolas e originação de grãos. O negócio de biodiesel respondia por aproximadamente 10% do faturamento da Fiagril.
“Vamos além dos pequenos e médios produtores para atender também os grandes e suas cooperativas”, sinalizou. Hoje, a empresa tem 28 filiais, nos estados de Mato Grosso, Tocantins, Rondônia e Pará. Ao todo, atende cerca de 2,3 mil produtores.
Com base nos dados do último relatório de sustentabilidade da empresa, referente a 2023, o faturamento com insumos foi de R$ 1,8 bilhão dos R$ 4,9 bilhões gerados no período. O Ebitda foi de R$ 180,4 milhões — menos da metade do registrado em 2022.
Para a Oleoplan, a transação, cujo valor não foi revelado, significa reforçar ainda mais a posição de liderança na comercialização de biodiesel no País: com a nova planta, a primeira no Mato Grosso, já são cinco usinas do biocombustível sob o comando dos Boff. As demais estão em Iraquara (BA), Tomé-Açu (PA), Cacoal (RO) e Veranópolis (RS).
Com tamanha posição de destaque, em 2020 — na febre dos juros a 2% — a companhia chegou até a protocolar um pedido de IPO. O prospecto afirmava que a empresa foi líder em volume vendido de biodiesel em 2019, respondendo por 608 milhões de litros, cerca de 10% do mercado. Além disso, apontava que a empresa era a segunda maior do País em capacidade instalada de biodiesel, somando 936 milhões de litros por ano.
A Oleoplan tem uma tradição de 45 anos na cadeia produtiva da soja, sendo pioneira na produção de biodiesel no Rio Grande do Sul. Atua em todas as pontas: desde a prospecção, armazenagem, transporte dos grãos e processamento da soja para a produção de óleo, farelo e lecitina. Para dar conta dessa produção, a empresa tem uma capacidade de armazenamento de mais de 500 mil toneladas no Rio Grande do Sul.
No fim de 2023, a Oleoplan faturou R$ 5,4 bilhões, queda de 6% em relação a 2022. Já o lucro teve uma pequena alta e atingiu R$ 314 milhões.