Estrutura de capital

JBS dispara 8,7%; desalavancagem acelera e abre espaço para M&A

Se tudo seguir como o esperado, a JBS pode ver a alavancagem ficar até abaixo de 2,5 vezes no fim de dezembro.

As ações da JBS dispararam nesta quarta-feira, catapultadas pelos resultados do primeiro trimestre. Por volta das 12h, os papéis da companhia dos irmãos Batista subiam 8,7%, liderando o Ibovespa.

No balanço divulgado ontem à noite, a JBS reportou um Ebitda de R$ 6,4 bilhões, enquanto o consenso dos analistas projetava R$ 5,1 bilhões.

A melhora dos resultados, especialmente nos negócios de carne de frango (Pilgrim’s Pride e Seara), acelerou o processo de redução do índice de endividamento da JBS, o que pode abrir até espaço para M&As.

Há poucos meses, os principais executivos da JBS esperavam que a empresa levaria a relação entre dívida líquida e Ebitda para 3 vezes só no fim deste ano. Agora, no entanto, a expectativa é que isso já possa ocorrer neste segundo trimestre, indicou Guilherme Cavalcanti, CFO da JBS, em teleconferência com analistas.

Se tudo seguir como o esperado, a companhia pode ver a alavancagem ficar até abaixo de 2,5 vezes no fim de dezembro. Em 31 de março, o índice de alavancagem ficou em 3,7 vezes.

Para preservar o grau de investimento conferido pelas agências de rating, a meta da JBS é manter a alavancagem na faixa entre 2 vezes e 3 vezes.

Espaço para M&As

“Se fizermos uma margem Ebitda de 7,5% para o ano, pode até chegar abaixo disso [2 vezes]. Isso abre espaço para maior alocação de capital, seja em dividendos ou M&As”, disse Cavalcanti.

Guilherme Cavalcanti, CFO da JBS

Um alavancagem muito baixa também não é desejável. Aquém de 2 vezes, a estrutura de capital da companhia perde eficiência, reforçou o executivo.

Questionado pela analista Renata Cabral, do Citi, sobre as possibilidades de M&A, o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni, acrescentou que a análise de aquisições é algo feito diariamente pela companhia.

Ele lembrou que um dos objetivos de longo prazo é construir uma plataforma de aquicultura tão relevante globalmente como a JBS é para os negócios de bovinos, frangos e suínos. Atualmente, a companhia só produz salmão na Oceania.

O foco em produtos de maior valor agregado também segue no radar da companhia, lembrou Tomazoni, sem citar qualquer ativo específico.

Nos Estados Unidos, alguns alvos começam a aparecer. Em uma reportagem publicada ontem, o The Wall Street Journal informou que a Kraft Heinz está avaliando a venda da Oscar Meyer, uma marca tradicional de embutidos e bacon.

A pedida potencial da Kraft Heinz, que contratou Bank of America e Centerview Partners para explorar as alternativas de venda, parece muito salgada — de US$ 3 bilhões a US$ 5 bilhões, segundo o WSJ.

Além disso, a Oscar Meyer possui um portfólio de produtos estranhos à lógica da JBS (como snacks feitos a partir de amêndoas).  “Se separar snacks e cair na real em termos de valuation, quem sabe…”, comentou um analista que conhece bem a companhia brasileira.

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Na bolsa, a JBS está avaliada em R$ 55,8 bilhões.

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