Os preços do milho e do algodão podem subir 10% na próxima safra. A análise é do banco Santander, que atualizou os seus modelos de estimativa com o primeiro quadro global de oferta e demanda para 2024/25, divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA neste mês, e a possibilidade de ocorrência de La Niña no terceiro trimestre.
Por enquanto, os preços futuros do milho na bolsa de Chicago apresentam estabilidade, que reflete um equilíbrio entre oferta e demanda. Ou seja, se a produção esperada for atingida, o milho deve continuar sendo negociado a US$ 4,90 por bushel, em linha com o contrato que vence em setembro de 2025, escreveram os analistas Guilherme Palhares e Laura Hirata em relatório.
“No entanto, vemos um potencial de alta para a curva”, ponderam. Caso a safra na Argentina seja reduzida em 6 milhões de toneladas devido aos efeitos do fenômeno climático La Niña, o milho pode chegar a US$ 5,40 por bushel, o que representa uma alta de 10% em relação ao mesmo contrato. Para o Santander, esse já é o cenário base.
O mesmo potencial de valorização é visto para o algodão, com a libra-peso atingindo US$ 0,78 em Nova York. Mas, no caso da pluma, a curva futura já vem antecipando esse movimento. Os analistas do Santander acreditam que a produção nos EUA será 6% menor do que a projetada pelo USDA.
As perspectivas para os produtores de soja, no entanto, não são tão animadoras. Os preços devem se se manter estáveis entre US$ 12 e US$ 12,50 por bushel na próxima safra, indica o Santander. Nessa projeção, já estão incorporados a ocorrência do La Niña e uma desaceleração no ritmo de crescimento da área plantada no Brasil.
“Se a produção total (estimada pelo USDA) for alcançada, os preços podem encontrar um piso a US$ 10,90 por bushel, o que representa um risco de queda de 15% em relação ao contrato de maio de 2025”, dizem os analistas em relatório.
As estimativas do USDA
No relatório de oferta e demanda divulgado em 10 de maio, o USDA estimou a produção brasileira de soja em 169 milhões de toneladas, um recorde e 9,7% superior às 154 milhões de toneladas da safra anterior. Já a produção mundial da oleaginosa deve crescer 6%, para 422 milhões de toneladas, contribuindo para um aumento nos estoques.
No caso do milho, o USDA espera uma queda na produção global, mesmo com a produção brasileira atingindo um novo recorde em 127 milhões de toneladas. Os estoques finais globais devem ter uma pequena retração, inferior a 1 milhão de toneladas.
Para o algodão, o USDA vê a produção norte-americana aumentando 33%, contribuindo para um aumento na oferta mundial e dos estoques finais. Para o Brasil, a expectativa é de um crescimento de 14% na produção.