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Na Bolsa, preço do gado assusta e abre oportunidades de compra

Ações de frigoríficos caem em meio a preocupação com preço do boi, mas cenário pode até beneficiar algumas empresas — principalmente de frango

Depois de um sell-off na quinta-feira, as ações dos frigoríficos continuam em queda, abrindo boas oportunidades de compra no setor, segundo analistas. E eles destacam: os investidores devem olhar com carinho para os produtores de carne de frango.

Desde ontem, as ações da JBS, Marfrig e Minerva caíram cerca de 5%, 6% e 8%, respectivamente na B3. Os papéis da BRF, que se diferencia das demais empresas de proteína por ter os negócios concentrados em frango e suínos, caíram 7%. No mesmo período, o Ibovespa recuou 1,5%.

O forte movimento de venda teria origem no contínuo aumento nos preços do gado, que responde por entre 80% e 90% dos custos dos frigoríficos, pontuou o Goldman Sachs em relatório na noite de ontem.

No quarto trimestre, o preço do boi gordo já subiu 25% ante a média do terceiro trimestre, segundo cálculos do Goldman, o que gera uma preocupação em relação às margens das empresas mais expostas a essa proteína. Desde junho, o gado já avançou 50%, segundo dados do Cepea.

Alguns efeitos já foram percebidos no balanço do terceiro trimestre da Minerva, que apresentou um recuo de quase 1 ponto percentual na margem bruta em relação ao segundo trimestre. Para os analistas do Goldman, o balanço pode ter despertado os investidores para a nova dinâmica no mercado de carne bovina, desencadeando a venda dos papéis de todas as empresas do setor.

Mas a demanda permanece forte, como os próprios executivos da Minerva destacaram aos analistas ontem, o que pode abrir caminho para a alta nos preços da carne, suavizando (ou até anulando) os efeitos da alta do boi gordo.

Os investidores devem mais ficar atentos, no entanto, às consequências da alta do gado para as outras proteínas. “Possíveis preços mais altos para a carne bovina podem criar mais impulso para o frango, reforçando a nossa convicção de um início forte em 2025”, dizem os analistas Thiago Bortolucci e Nicolas Sussmann no relatório.

“Recomendamos que investidores aproveitem o recuo e aumentem a exposição a JBS (e Marfrig), reiterando a nossa recomendação de compra para ambas as ações”, afirmam.

As duas empresas se beneficiam do bom momento da carne de frango, que passa não só por um consumo forte, mas também tem custos estáveis e uma oferta controlada, o que tende a manter os preços firmes. A JBS controla e Pilgrim’s Pride nos EUA e na Europa e possui a Seara no Brasil, enquanto a Marfrig controla a BRF.

“Essa queda abriu algumas boas oportunidades no setor, principalmente nas ações da BRF, que tem um dos melhores fundamentos e caiu mais do que a JBS”, afirmou Leonardo Alencar, analista da XP Investimentos. “A carne de frango está nos melhores patamares de competitividade do ano”, acrescentou.

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Por volta do meio dia, as ações da BRF, JBS e da Minerva caíam cerca de 2%, enquanto Marfrig perdia quase 3%. O Ibovespa operava em queda de 1,3%.

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