Os desinvestimentos anunciados pela Raízen na última sexta-feira não animaram investidores. Longe disso, na verdade. Em tempos de expectativas de juros altos por um período prolongado, os papéis da companhia sofrem no pregão desta segunda-feira, num tombo de quase 5%.
O desânimo não vem sem motivo: as operações anunciadas na sexta-feira — a venda de 31 plantas solares e a redução de participação no Paraguai — devem trazer um impacto mínimo no endividamento da companhia. Nas vírgula, a redução deve ser de 2%, segundo os cálculos da equipe de analistas do BTG Pactual.
Ambas as iniciativas devem gerar uma economia de R$ 795 milhões, um montante que deve ser atingido em pelo menos dois anos fiscais. A dívida líquida para o próximo ano fiscal (incluindo os adiantamentos de clientes) deve ser de R$ 42 bilhões.
Mas nem tudo está perdido. “Ambas as medidas, ainda que sejam financeiramente insuficientes, sugerem que uma mudança de postura radical pode estar em curso e reforçam nossas expectativas de que o senso de urgência em relação à estrutura de capital vai prevalecer”, escreve a equipe do BTG, formada por Thiago Duarte, Guilherme Guttilla, Luiz Carvalho, Pedro Soares e Henrique Pérez.
No caminho para deixar a companhia mais leve, a expectativa do mercado é de que mais transações sejam anunciadas ao longo dos próximos meses. Desde que Nelson Gomes assumiu como CEO da companhia, não faltaram especulações a respeito de quais ativos a companhia poderia se desfazer, abrangendo desde a operação de açúcar e etanol até uma possível venda da participação nas lojas Oxxo.
Tendo em vista a mudança e o tombo dos papéis ao longo do ano, a equipe — entusiasta da tese de investimentos da Raízen há tempos — mantém a recomendação de compra.
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Em uma matéria especial publicada neste mês, desmembramos os desafios da “nova era” da Raízen, entrando a fundo na necessidade de um choque cultural, tarefa a ser colocada em marcha por Nelson Gomes. Você pode ler esse conteúdo aqui.
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As ações da Raízen (RAIZ4) estão cotadas a R$ 2,18 na tarde desta segunda-feira, uma queda de quase 5%, enquanto o Ibovespa perde 0,9%. No ano, os papéis acumulam queda de mais de 47%, com a empresa avaliada em R$ 23,6 bilhões na B3.