Perspectiva

Na Rumo, os benefícios superam os riscos — ao menos por enquanto

Alta dos juros preocupa, mas safra recorde e retorno dos investimentos no curto prazo formam cenário positivo para as ações da Rumo, avalia o BTG

Rumo , ferrovia

O perfil intensivo em capital da Rumo em um ambiente de alta de juros tem preocupado alguns investidores da maior operadora de ferrovias da América Latina. Afinal, depois de um ano de recordes, quanto sobra para a companhia se superar em 2025?

Na visão do BTG Pactual, as perspectivas de uma safra recorde e de um retorno dos investimentos no curto prazo formam um cenário otimista para a empresa, que segue como favorita na cobertura de infraestrutura do banco.

“Nós sabemos que investidores locais estão preocupados sobre a alavancagem e a intensiva alocação de capital, mas nós vemos investimentos recentes de capacidade se pagando logo”, afirmam os analistas Lucas Marquiori e Fernanda Recchia, em relatório publicado nesta terça-feira. “Além disso, os mercados de grãos são menos afetados por questões macro do que outros segmentos domésticos.”

Em uma espécie de guia aos investidores de Rumo, os analistas apontam três temas-chave para 2025: perspectivas de volume movimentado, preço de frete e aspectos regulatórios.

Com o clima favorável para a atual safra de soja, a expectativa para o volume transportado permanece sólida. Se a perspectiva para a safrinha de milho for melhor ainda, o sentimento sobre a ação da Rumo deve melhorar ao longo do tempo.

Nesse contexto, o guidance da Rumo para 2025, cuja divulgação deve ocorrer junto com a publicação do balanço do quarto trimestre, pode dar uma ideia de como os volumes devem se comportar. Com volumes mais sólidos, resta mais margem de negociação para a companhia.

Outro possível driver para a definição dos fretes ferroviários é o preço das principais commodities transportadas (soja e milho), além dos valores cobrados pelo transporte de caminhão, um concorrente da ferrovia. Nesse momento, a expectativa do BTG é de um reajuste alinhado à inflação para 2025.

No aspecto regulatório, os analistas esperam novidades em relação ao processo de renovação de concessão da Malha Oeste e da Malha Sul. Qualquer informação sobre esse processo na ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) deve ser acompanhada de perto. “A mitigação dessas discussões pendentes deve trazer um alívio para preocupações adicionais sobre a alocação de capital”, observa o BTG.

Mudanças súbitas na dinâmica regulatória, atrasos nos projetos de expansão, nos terminais de grãos no porto de Santos, e aumentos no Capex (tanto em Santos como na ferrovia em Campo Verde) são apontados como os principais riscos para 2025.

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Os múltiplos favorecem a aposta no papel. O consenso de mercado aponta um Ebitda de R$ 8,5 bilhões para 2025, o que implica um EV/Ebitda de 6,5 vezes, perto do piso da média histórica de negociação das ações da Rumo, segundo o BTG.

A Rumo (RAIL3) é avaliada em R$ 33 bilhões na B3. Em 12 meses, as ações caem 18%.

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