O ano não tem sido fácil para os produtores de carne bovina nos Estados Unidos, que viram o preço do boi disparar devido à baixa de oferta de animais para o abate. Para os que aguardam um cenário mais estável em 2024, preparando o terreno para uma recuperação, a Tyson deu seu recado: a situação vai piorar.
A maior produtora de carne dos EUA informou nesta segunda-feira que a operação de carne bovina deve apresentar prejuízo operacional de até US$ 400 milhões no próximo ano fiscal. Na melhor das hipóteses, o resultado vai empatar. Trata-se de uma piora considerável em relação ao lucro operacional ajustado de US$ 233 milhões no período anterior, que já amargou um tombo gigantesco em relação a US$ 2,5 bilhões no ano fiscal 2022.
A projeção para 2024 considera uma redução de aproximadamente 5% na produção norte-americana de carne bovina no mesmo período — fator que também deve prejudicar o resultado das empresas brasileiras com operação nos EUA, como a JBS e a Marfrig.
O rebanho de bovinos nos Estados Unidos, que já vinha caindo devido ao ciclo natural da pecuária, sofre com uma seca severa no sul e no oeste do país.
O clima adverso, que piora a condição das pastagens e eleva os custos com alimentação, tem levado produtores a vender os animais para abate em vez de retê-los para engorda, aumentando as preocupações em relação à oferta futura de boi gordo. O rebanho de matrizes no país já é o menor em 61 anos. Em setembro, o preço dos contratos futuros de boi vivo bateu recorde na Bolsa de Chicago.
A matéria-prima mais cara pressiona as margens dos frigoríficos, apesar da alta no preço da carne ao consumidor americano. No caso da Tyson, a margem de produção de carne bovina foi zero no trimestre encerrado em setembro.
Suínos e frango
Também influenciado por uma diminuição de 2% na produção de carne suína dos EUA no próximo ano, o negócio de suínos da Tyson deve ficar no breakeven em 2024. Já a operação de frango deve melhorar, com um lucro operacional entre US$ 400 milhões e US$ 700 milhões, ante perda de US$ 77 milhões no ano fiscal 2023.
“Enquanto as adversidades persistem, estamos caminhando na direção correta e administrando os fatores que conseguimos controlar”, o CEO da Tyson, Donnie King, disse no release de resultados. Segundo ele, decisões recentes da companhia resultaram em melhora operacional e contribuíram para o segundo trimestre consecutivo em melhora operacional. Em agosto, a Tyson fechou quatro plantas de aves nos EUA.
No consolidado, a Tyson espera entregar um lucro operacional entre US$ 1 bilhão e US$ 1,4 bilhão em 2024, um crescimento ante os US$ 933 milhões de 2023 puxado pelas divisões de aves e de alimentos preparados. A receita total deve ficar estável.
As ações da Tyson caíam 2% em Nova York por volta das 14h. A empresa vale cerca de US$ 16 bilhões em bolsa.