
A expectativa de um mercado mais movimentado de CBios teve vida curta. Uma decisão recente da AGU (Advocacia Geral da União) postergou as punições mais rígidas — previstas nas novas regras do programa — para 2026, um movimento que ajudou a jogar um balde de água fria em um mercado já tímido.
O aumento da multa máxima que poderia ser aplicada às distribuidoras que não cumprissem as metas de compras de CBios era a principal aposta para agitar o mercado e provocar uma recuperação nos valores dos créditos de descarbonização.
No entanto, de acordo com um relatório publicado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, a cotação dos CBios no dia 31 de março ficou em R$ 68,90, queda de 8,5% na comparação mensal. Considerando a média de preços para o ano que vem, a expectativa é de retração similar, na casa de 8%, na comparação com o período anterior.
Além da decisão da AGU, divulgada em 25 de março, a divulgação de um outro dado importante pela ANP (Agência Nacional do Petróleo e Biocombustíveis) também pesou sobre a comercialização dos CBios.
Recentemente, a agência divulgou um panorama dos contratos de longo prazo firmados pelas distribuidoras. Neles, as empresas ganham um desconto na meta individual de CBios em função do volume de biocombustível comprado em contratos de mais de dois anos. O desconto máximo é de 20% da meta da distribuidora.
Apesar de o mercado já saber que esse programa existia, os dados exatos do tamanho dele ainda não haviam sido divulgados — e trouxeram uma correção nas expectativas das metas das distribuidoras para este ano.
No Itaú BBA, que projetava uma soma de metas em 40,4 milhões de CBios para 2025, os novos dados puxaram o número para 38,9 milhões de CBios a serem aposentados até o fim do ano. Uma correção similar também foi feita nos estoques, projetados em 17,9 milhões de CBios, ante 16,4 milhões anteriormente.
Nem tudo é pessimismo
Mesmo com o balde de água fria em relação às expectativas de janeiro, um fato pode trazer um tom mais positivo em relação ao futuro do programa: a aposentadoria de 1,8 milhão de CBios no dia 7 de março, a mesma meta anual de uma grande distribuidora que estava inadimplente. Esse movimento levantou a dúvida se a distribuidora em questão estaria retornando ao mercado.
“Esse rumor vem em linha com a ideia inicial de que as distribuidoras inadimplentes iriam se regularizar com a nova legislação”, escrevem os analistas.
Apesar de mais de 60 empresas estarem em atraso com o programa, se apenas as cinco maiores regularizassem a própria situação, cerca de um terço do volume atrasado de metas se normalizaria neste ano, segundo o Itaú BBA.