“Nunca vi revenda em recuperação judicial se recuperar”. A frase, vinda de um experimentado gestor de crédito, cai como uma desconfortável luva para a Agrogalaxy.
Menos de um mês após chocar o mercado com um pedido de recuperação judicial, a rede de revendas controlada pelo Aqua Capital anunciou um brutal encolhimento de suas operações, deixando de operar em Mato Grosso do Sul.
A companhia cortou pela metade o número de lojas, fechando 76 lojas e mais de 500 profissionais, perdendo uma força valiosa nas vendas no campo. Depois das demissões, a Agrogalaxy passou a contar com 1,1 mil funcionários.
No fim de junho, a Agrogalaxy reportava um parque de 150 lojas, distribuídas nas regiões Sul, Sudeste e Cerrado.
“O atendimento aos clientes das localidades impactadas será direcionado às unidades mais próximas, garantindo a continuidade do atendimento com o mesmo padrão de qualidade”, disse a Agrogalaxy, em tentativa de contenção de danos.
Além da redução de lojas e de pessoal, a companhia também afirma estar fazendo mudanças no portfólio de produtos e serviços, de olho em ajustar o mix de vendas para uma maior competitividade.
O rápido encolhimento da Agrogalaxy lança muitas dúvidas sobre a capacidade de recuperação da companhia. Sem a confiança do agricultor, fica muito mais difícil retomar as vendas. O fornecedor de insumos tampouco tem a confiança necessária, até porque se tornou um credor na RJ.
Enquanto isso, a concorrência busca ocupar o vácuo. Há desde players consolidados até novos entrantes. No Paraná, por exemplo, três ex-sócios da Agrogalaxy fundaram a Inova 100, e já estão articulados com fornecedores relevantes e fintechs de crédito.
Players de maior porte, como a Agrex — controlada pelos japoneses da Mitsubishi Corporation — estão investindo na abertura de lojas e não descartam aquisições de revendas, inclusive.