O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) decidiu na terça-feira à tarde que a aquisição dos ativos da Marfrig pela Minerva Foods vai tramitar pelo rito normal, e não pelo rito sumário.
A decisão já era esperada diante da relevância do M&A, um acordo de R$ 7,5 bilhões que ampliará o peso da Minerva na indústria de carne bovina, mas deve frustrar expectativas mais otimistas sobre o tempo para aprovação.
No fim de novembro, o diretor financeiro da Minerva, Edison Ticle, chegou a dizer a uma plateia de analistas que, pessoalmente, acreditava que a aprovação do Cade sairia no primeiro trimestre.
Quem acompanha o negócio, no entanto, aposta que o órgão antitruste vai levar bem mais tempo para apreciar a transação, o que pode arrastar a operação para algo entre junho e julho.
Internamente, a Marfrig sempre trabalhou com um prazo de nove a doze meses para obter a aprovação do Cade.
Para a Minerva, uma aprovação mais célere teria alguns benefícios: a companhia pode começar a operar os frigoríficos enquanto o ciclo do gado no Brasil é favorável, acelerando o processo de desalavancagem.
Além disso, a empresa dos Vilela de Queiroz evitaria pagar a correção pelo CDI que começa a correr a partir de março sobre os R$ 6 bilhões que ainda precisa pagar à Marfrig.
Na decisão em que negou julgamento do M&A pelo rito sumário, superintendente-geral do Cade, Alexandre Barreto, citou a participação que a Minerva passará a deter no abate em Rondônia, ultrapassando o limite de 20%, como uma justificativa.
Na terça-feira, aliás, o Senado aprovou a indicação dos quatro novos conselheiros do Cade: Camila Cabral Alves, Carlos Jacques, Diogo Thomson de Andrade e José Levi. Sem eles, o colegiado do órgão antitruste não teria quórum suficiente para apreciar as operações.