Carne bovina

Para onde vai o preço da carne? Os sinais de China e EUA

“O maior fornecedor de carne bovina e o maior consumidor estão nos dizendo que a perspectiva para os preços é promissora”, escreveu o BTG

Se a queda de 30% no preço médio da carne bovina exportada pelo Brasil é motivo de receio entre investidores de frigoríficos, uma olhada no tabuleiro global de oferta e demanda pode mostrar que a tese de Edison Ticle, o diretor financeiro da Minerva, faz bastante sentido.

Num novo relatório, os analistas do BTG Pactual mergulharam nos dados globais e fizeram uma constatação simples. Os preços da carne encontraram um nível de suporte e a tendência parece mesmo de recuperação.

Afinal, se a oferta dos EUA, maior produtor global de carne bovina, sofreu uma queda significativa e os preços na China, maior importador mundial, já estão em um dos níveis mais competitivos para o consumidor, não há por que esperar algo diferente.

“O maior fornecedor de carne bovina e o maior consumidor estão nos dizendo que a perspectiva para os preços da carne bovina é promissora”, escreveram os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin.

Nos EUA, os dados oficiais do Departamento de Agricultura projetam uma queda de 9% na oferta de gado, o que significa 2% da produção global ou 1,1 milhão de toneladas a menos, observou o BTG.

Pelos dados do USDA, a produção global de carne bovina deve somar 59,3 milhões de toneladas em 2023, com EUA respondendo por 21,7% e o Brasil, 17,9%. O Brasil lidera as exportações mundiais, com uma fatia de 25,1%. Os chineses são os maiores importadores, absorvendo 33,9% do comércio global.

Na China, a carne bovina chegou a um preço que estimula o consumo, prosseguem os analistas. Atualmente, a relação entre o preço da carne bovina e da carne frango na China é a menor desde 2015. Na comparação com a carne suína, é o menor nível desde meados de 2021.

Nesse cenário, os exportadores de carne bovina de Brasil e Austrália tendem a se beneficiar. A Minerva é uma das maiores beneficiadas, por concentrar suas operações na América do Sul.

No relatório, o BTG manteve a recomendação de compra das ações de Minerva, mas reduziu ligeiramente o preço-alvo da ação de R$ 15 para R$ 14, o que ainda embute um potencial de alta de 38%. Os analistas do banco também recomendam a compra de JBS, diante da diversificam geográfica e de proteína da companhia.

Para Marfrig, a recomendação é neutra. “A Marfrig parece uma história menos atraente, uma vez que a alavancagem deve continuar subindo”, resumiram.

As ações da Minerva lideravam as altas do Ibovespa por volta das 12h desta terça-feira, com valorização de 3%. Marfrig e JBS também avançavam e estavam entre as cinco maiores altas do índice.

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