Comério exterior

Sem Japão, frigoríficos comemoram abertura do Vietnã

Brasil retorna do Japão com promessa de visita técnica e celebra abertura do Vietnã, um mercado promissor que importa 300 mil toneladas de carne por ano

Comida típica do Vietnã com carne bovina; país abre mercado para o Brasil | Crédito: Schutterstock

Ainda não foi desta vez que o Japão abriu seu cobiçado mercado para a carne bovina brasileira — mas o acesso parece estar bem encaminhado. A comitiva do presidente Lula está encerrando de sua viagem à Ásia com a promessa de uma visita de especialistas japoneses em saúde animal para avaliar o sistema brasileiro.

Mas o motivo de comemoração da viagem brasileira é outro: a abertura do Vietnã. O país asiático não importa tanta carne bovina como o Japão, mas é um mercado interessante por ser emergente, jovem e um candidato a ser um hub de vendas para outros países asiáticos.

Segundo Roberto Perosa, presidente da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Bovina), o Vietnã importa cerca de 300 mil toneladas de carne bovina por ano. “Com isso, a indústria brasileira terá mais oportunidades de diversificar as exportações”, afirmou Perosa.

Nas últimas semanas, o Vietnã já havia autorizado as importações de miúdos de frango do Brasil, que agora vai buscar permissão para exportar miúdos de suínos, segundo o secretário de Comércio e Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Luís Rua.

O sonho japonês

O Japão é um mercado bem maior e premium. O país é o terceiro maior importador de carne bovina do mundo, com um volume de aproximadamente 650 mil toneladas por ano, atrás somente da China e dos Estados Unidos.

Com um consumo per capita ainda baixo, de 6,9 quilos por habitante ao ano (nos EUA, por exemplo, ele é de 35 quilos), o Japão compra cortes mais caros, e seus principais fornecedores são Austrália e Estados Unidos.

Para ter uma ideia do diferencial desse mercado, o preço médio das importações de carne bovina no Japão, de aproximadamente US$ 7 por quilo, é 53% superior ao preço médio das exportações brasileiras, de US$ 4,6 o quilo, segundo informações do Bank of America.

“Estimamos que a cada 100 pontos-base de market share conquistado nas importações japonesas representem crescimento de 0,3% na balança comercial brasileira em dólares”, afirmaram as analistas Isabella Simonato e Julia Zaniolo, do BofA, em relatório.

A confiança da indústria brasileira na abertura do Japão é tanta que a Abiec contemplou esse mercado em sua estimativa para os embarques de carne bovina para 2025 — que devem ultrapassar 3 milhões de toneladas. Falta a visita técnica.

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