Celulose

Sem M&A, Suzano dispara 15% — há espaço para mais

Analistas do BTG Pactual apontam que Projeto Cerrado e dólar levam ações da Suzano a um patamar de R$ 65 por ação

O alívio do mercado com o fim das negociações entre Suzano e International Paper não poderia ser mais claro. As ações da empresa brasileira sobem 14% nesta quinta-feira, cotadas a R$ 57,96, o ponto mais alto desde o início de maio, quando os rumores sobre uma eventual transação se tornaram públicos.

Mas ainda há espaço para mais — muito mais, na visão dos analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual.

Há pouco mais de um mês, as ações estavam em um patamar de R$ 60 a R$ 65 por ação, sem refletir o Projeto Cerrado (que entre em operação em julho) e a depreciação do real sobre o dólar. Nas contas deles, a partir de uma depreciação de quase 10% do real no período, há um impacto positivo de 17% sobre o Ebitda da Suzano.

“Apenas para ilustrar aqui, se assumirmos uma depreciação de 5% no real, a ação poderia subir entre R$ 4 e R$ 5. Então, seria justo dizer que teoricamente a Suzano poderia estar negociando pelo menos em torno de R$ 65 por ação, ante seu patamar atual de R$ 50 a R$ 51. Há um upside significativo na mesa aqui”, afirmam.

Apesar do rali desta quinta-feira, garantir a manutenção das ações em um patamar de preços mais elevado deve ser um desafio, pelo menos em curto prazo. A percepção dos analistas é que os investidores vão preferir alocar dinheiro em outras teses, que carreguem uma percepção de risco menor.

“O fato de que o case da Suzano estava prestes a sofrer uma mudança abrupta é um problema para alguns investidores com quem temos conversado ao longo das últimas semanas. Ainda que o histórico de alocação de capital seja um fator positivo, M&As não são a principal razão pela qual investidores compram o papel”, escrevem.

Entre os principais motivos para ter o papel na carteira, investidores ressaltam principalmente um hedge em dólar, além do potencial de crescimento orgânico em celulose, a partir do Projeto Cerrado, e a base de ativos única da companhia.

No mercado, um desafio adicional ainda se impõe, relacionado ao mercado chinês de celulose. A impressão dos analistas é que os preços podem cair no segundo semestre, refletindo a pressão pela qual os compradores chineses passam, com a sobreoferta de papel impedindo que os preços mais altos da celulose sejam incorporados na ponta.

“Nesse cenário, a entrada de capacidade do Projeto Cerrado, somada ao acordo com a Liansheng pode também influenciar a relação de oferta e demanda no curto prazo e exercer mais pressão sobre os preços”, apontam os analistas.

Mesmo com todos esses fatores em jogo, a Suzano permanece sendo uma tese de “compra” para os analistas, considerando a desalavancagem, além da entrada do Projeto Cerrado e os fatores de câmbio.

Atualmente, a Suzano negocia perto das mínimas históricas, a um múltiplo de 4,5 vezes EV/Ebitda para 2025 (ante os 7 vezes considerados justos pela equipe para a empresa).

Na bolsa, a companhia da família Feffer vale R$ 74,98 bilhões.

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