Aproveitando a extinção da poison pill pela primeira vez, a Marfrig comprou mais ações da BRF. A companhia de Marcos Molina ampliou a participação na dona da Sadia, chegando a 35,7%.
“A aquisição tem por objetivo incrementar sua participação acionária na BRF e não objetiva alterar a atual composição do controle ou a estrutura administrativa atual”, informou a Marfrig num comunicado divulgado pela BRF nesta terça-feira.
Desde abril do ano passado, quando elegeu a maioria do conselho de administração da BRF, a Marfrig controla BRF.
Antes da extinção da cláusula, sacramentada em uma assembleia de acionistas em 3 de julho, a posição da Marfrig estava limitada a 33,3% — para ultrapassar esse patamar, a companhia teria de fazer uma oferta aos demais acionistas, pagando um prêmio relevante.
No mercado, muitos achavam que a Marfrig já se valeria do follow-on de julho para aumentar a posição na BRF, afinal, a pílula de veneno foi derrubada exatamente para viabilizar o aumento de capital. Diante da forte demanda pela oferta, Molina manteve a posição em 33,27%.
Ao aumentar a posição na BRF neste mês, a Marfrig também aproveitou a recente queda dos papéis da dona da Sadia. Depois de passar de R$ 10,50 em meados de agosto, as ações da BRF recuaram bastante nas últimas semanas, chegando a ser negociados abaixo de R$ 9. Atualmente, os papéis negociam a R$ 9,14.
Considerando o preço médio do papel desde a semana passada, a aquisição da participação adicional custou cerca de R$ 380 milhões. A BRF está avaliada em R$ 15,7 bilhões.
A Marfrig também está mais capitalizada. No mês passado, recebeu R$ 1,5 bilhão adiantados da Minerva pela venda de ativos e está no meio de um aumento de capital privado, com o qual pode levantar mais R$ 2,1 bilhões.
Ainda que não seja a motivação de curtíssimo prazo, uma participação maior na BRF também facilita o caminho para uma fusão entre Marfrig e BRF, uma operação que passou a fazer ainda mais sentido com a concentração da primeira em carnes processadas e com marca.
Em bolsa, a Marfrig vale R$ 4,5 bilhões. No ano, os papéis da companhia de Molina caem 13%.