As ações da BRF dispararam nesta segunda-feira e subiam mais de 10% no meio da tarde desta segunda-feira, suscitando dúvidas entre investidores sobre o movimento por trás da oscilação. É a maior alta do Ibovespa, seguida pela Marfrig.
A considerar o histórico recente, a dúvida é legítima. Nos últimos meses, a dona da Sadia passou por uma grande movimentação dos papéis, com a posição da controladora Marfrig saindo de 33,3% para 46%.
Desta vez, no entanto, o controlador não está envolvido na oscilação, apurou The Agribiz. A uma semana da divulgação dos resultados da BRF, a Marfrig sequer poderia comprar mais ações por ser um período vedado.
A disparada das ações da BRF reflete uma cobertura de posições vendidas. Em outras palavras, um short squeeze.
Desde o início de agosto, o volume de ações alugadas vinha crescendo vertiginosamente, atingindo os níveis mais altos da história da BRF. Na última sexta-feira, quase 12% do free float estava alugado (127 milhões de ações, o equivalente a R$ 1,3 bilhão), segundo dados do TC.
A saída da posição vendida ocorre num momento em que a BRF se prepara para divulgar o balanço do terceiro trimestre, que deve trazer um resultado melhor — com a queda dos preços dos grãos ajudando.
No Brasil, a oferta de frango também vem sofrendo um ajuste, o que dá suporte aos preços, observou o analista Leonardo Alencar, da XP, em comentário a clientes. Os últimos dados da Apinco apontaram uma redução de 7,7% nos alojamentos de pintos de corte sobre agosto e quase 4% na comparação anual.
Além disso, a ocorrência de um surto de gripe aviária em uma granja comercial no México contribui para aumentar a competitividade do frango brasileiro, o que beneficia indústrias como a BRF.
Na bolsa, BRF está avaliada em R$ 19 bilhões. Os papéis da dona da Sadia sobem mais de 55% no acumulado deste ano.