O comportamento do clima na primeira metade de dezembro, mês crucial para o desenvolvimento da soja, decepcionou, deteriorando as projeções para a safra de Mato Grosso e, como consequência, para todo o País.
O Itaú BBA reduziu sua estimativa para a safra brasileira de soja para 153 milhões de toneladas —a previsão anterior era de 158 milhões. O número reflete principalmente um ajuste na produtividade para as lavouras de Mato Grosso ao redor de 20% do potencial. A maior quebra já ocorrida no Estado foi de 11%, na safra 1989-90, segundo dados da Conab citados pelo banco em relatório divulgado nesta quarta-feira.
Em outro levantamento divulgado nesta terça-feira, a Aprosoja-MT também estimou uma perda de 20% na produtividade potencial da soja no Estado — em média, os agricultores devem colher 49,68 sacos por hectare nesta safra, ante 62,3 sacos por hectare em 2022-23.
Segundo os cálculos da entidade, que fez o levantamento com 600 associados representando 7% da área de soja do Estado, a colheita deve ficar em 36,15 milhões de toneladas, queda de 20%.
Depois das chuvas abaixo da média e de mais uma onda de calor na primeira metade de dezembro, os mapas de precipitação para a segunda quinzena sinalizam melhores condições para chuvas na região central, diz o Itaú BBA. “Porém, os acumulados devem seguir abaixo da média para o período sobre o Mato Grosso”, acrescenta.
Segundo o meteorologista Celso Oliveira, diretor de operações da Prisma Meteorologia , nos próximos cinco dias a maior parte dos municípios de Mato Grosso devem receber chuva abaixo da média, em torno de 20 milímetros. Até o final de dezembro, no entanto, a tendência é de melhora.
“A tendência é que as áreas instaladas mais tardiamente tenham um desempenho muito melhor”, afirmou Oliveira, que também é colunista do The Agribiz.
Exportação menor
A menor safra brasileira deve ter impactos nas exportações, segundo o Itaú BBA. Os analistas do banco cortaram a estimativa para os embarques de 100 milhões para 95 milhões de toneladas.
Com a nova estimativa para a produção brasileira, e ainda considerando uma retomada da produção na Argentina, o balanço global de oferta e demanda deve ficar mais apertado do que o esperado inicialmente, mas ainda próximo aos níveis observados na safra 2022-23.
Para a segunda safra de milho, a primeira consequência é uma redução da área plantada. Segundo o levantamento da Aprosoja-MT, a queda na área será de 25% na média do Estado.