A irregularidade das chuvas no centro e norte do País é uma crescente preocupação para a safra 2023/24, mas a ADM — uma das maiores compradoras de grãos no Brasil — continua vendo um elevado potencial produtivo para a soja.
Em entrevista ao The Agribiz, o diretor de grãos da ADM no Brasil, Luciano Souza, disse que ainda vê a safra mais próxima de 170 milhões de toneladas do que das 160 milhões de toneladas.
Os números são mais otimistas que as projeções de consultorias como AgRural, Datagro e StoneX, que passaram esperam uma colheita abaixo de 165 milhões de toneladas.
Em seu último relatório mensal, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) estimou 163 milhões de toneladas para a safra brasileira de 2023/24, mas há quem aposte que o órgão vai cortar a projeção no próximo relatório, que será publicado na quinta-feira. A Conab, que no mês passado estimou a produção em 162 milhões de toneladas, divulgará sua nova estimativa na mesma data.
Para Souza, da ADM, as chuvas das próximas semanas serão fundamentais para confirmar as expectativas da trading americana, que começou a temporada vendo potencial para produzir acima de 170 milhões de toneladas, batendo o recorde do ano passado (156 milhões de toneladas, segundo o USDA).
“Vemos preocupações no centro e no norte, mas boa parte do aumento em relação ao ano passado deve vir da recuperação da região Sul. Só o Rio Grande do Sul recupera 10 milhões de toneladas. Podemos mexer na produtividade (no norte e centro do País), mas ainda estamos vendo uma safra mais perto de 170 do que de 160 milhões de toneladas”, disse.
Semana a semana
Segundo o executivo, os modelos europeu e americano de meteorologia passaram a mostrar uma diminuição das chuvas para os próximos dias, gerando preocupações principalmente para os Estados do Maranhão, Piauí e Tocantins, onde começou a chover somente neste final de semana, com um atraso de aproximadamente 20 dias.
“Vamos ter que acompanhar (o clima) semana a semana”, disse Souza. “Vai ser uma safra difícil de prever por causa da irregularidade das chuvas. Numa mesma fazenda, vemos talhões que não receberam chuvas e outros em que a umidade está boa”, afirmou. “Vamos analisar muito mais pontos nesta safra para ter uma assertividade boa”.
A maior preocupação é com a safrinha de milho. “Essa sim vai ter uma janela reduzida e queda de área, principalmente nessas regiões.”
Souza conversou com The Agribiz nesta terça-feira em Hortolândia (SP), em um evento organizado pela ADM em seu centro de inovação.