Agricultura

As impressões do Itaú BBA sobre o impacto da crise no Rio Grande do Sul

Banco traça projeções para diferentes culturas e afirma que, por enquanto, perdas em arroz, soja e milho devem ser bem menores do que o potencial

Lavoura de soja afetada por alagamentos em Palmitinho, no Rio Grande do Sul | Crédito: Emater/RS
Lavoura de soja afetada por alagamentos no município de Palmitinho, no Rio Grande do Sul | Crédito: Emater/RS

Os analistas da consultoria agro do Itaú BBA consideram que as perdas decorrentes da tragédia no Rio Grande do Sul devem ser “bem menores do que o potencial” em arroz, soja e milho. A avaliação preliminar está em relatório divulgado nesta semana.

O arroz é a cultura que traz a maior preocupação dada a concentração do Rio Grande do Sul na oferta nacional. O Estado é responsável por 70% do total. Usando dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), o relatório aponta que 82% da área gaúcha foi colhida até 8 de maio. 

Ou seja, dos 900 mil hectares semeados, restam 142 mil para serem colhidos. Destes, 23 mil hectares estão totalmente perdidos e 18 mil estão parcialmente submersos, restando uma área de 101 mil hectares não atingida pelas cheias. 

“Ao considerarmos os números do Irga, e somarmos as áreas perdidas e alagadas também como perdidas, chegamos ao número de 41 mil hectares. Combinando essa informação com a projeção de produtividade estimada no início da safra, isso totaliza 341 mil toneladas de arroz a menos na oferta do Rio Grande do Sul. Ou uma redução de 3,2% na produção nacional, estimada pela Conab antes das enchentes em 10,5 milhões de toneladas”, escrevem os consultores. No estoque final de arroz, a queda estimada é de 18,1%.

É improvável, portanto, que haja um desabastecimento de arroz no Brasil. Mas o banco projeta um cenário de preços altos em curto prazo, dados os desafios logísticos de movimentar a produção gaúcha para outras regiões do País. 

“Além disso, é válido considerar que ainda é desconhecida a informação de eventuais perdas em armazéns, o que, caso tenha ocorrido, pode apertar adicionalmente o balanço estimado”, afirmam os consultores.

Soja

Antes das enchentes, a expectativa era de que o Estado assumisse a segunda posição no ranking nacional, com 22 milhões de toneladas. Com isso, o Rio Grande do Sul ultrapassaria o Paraná, que sofreu com a falta de chuvas e temperaturas elevadas. 

De acordo com os dados da Conab, até o momento, 79% da safra de soja gaúcha foi colhida, com os principais impactos para a produção sendo visíveis na região sul do estado. 

“Levando-se em conta o avanço da colheita, estima-se que cinco milhões de toneladas ainda estejam no campo para serem colhidas. Porém, ainda é difícil estimar o que será colhido e quanto será perdido. Acreditamos que a redução deva ficar abaixo da perda total potencial. Nos parece razoável que essa redução fique entre 1 milhão e 2,5 milhões de toneladas”, escrevem os consultores.

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Novamente, além das lavouras, o Itaú BBA aponta que os silos localizados na parte sul do estado também podem ter sido afetados. Mas os reais efeitos do impacto das chuvas ainda não estão claros. 

Milho

No caso do milho, uma cultura em que o Rio Grande do Sul lidera a produção na safra de no verão, a colheita estava finalizada em 86% das áreas até o final da última semana. Nos cálculos do banco, considerando a produção estimada para o Estado em 5,1 milhões de toneladas, cerca de 870 mil toneladas estariam sob algum risco diante das enchentes. 

O impacto nacional da redução da safra gaúcha deve ser baixo, considerando também que o Mato Grosso, principal produtor do cereal no Brasil, deve apresentar uma boa produtividade na safrinha, favorecida pelas boas chuvas de março e início de abril.