Carne

Brasil reduz oferta de frango e ABPA já vê mercado equilibrado

Associação reduz previsão para produção em 2023 para algo entre 14,8 milhões e 14,95 milhões de toneladas; projeção anterior ultrapassava 15 milhões

O ajuste que as empresas de proteínas estão fazendo na produção de frango deve chegar ao mercado em breve, diminuindo a oferta. “No segundo semestre, será outra história. Teremos uma situação mais equilibrada”, resumiu Luis Rua, diretor de mercados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), em um encontro com jornalistas nesta quarta-feira.

Os produtores estão reduzindo os alojamentos de forma “significativa”, alguns frigoríficos estão abatendo os animais com menor peso e pelo menos uma empresa decidiu conceder férias coletivas em uma unidade, disse Ricardo Santin, presidente da ABPA, sem fornecer mais detalhes. “Com 35% de market share, o Brasil é formador de preço no mercado internacional”, lembrou.

Produção brasileira de frango ficará abaixo do previsto, dia ABPA; empresas adotam medidas para reduzir oferta | Crédito: Shutterstock

Seguindo essa lógica, os preços de exportação devem se recuperar quando o ajuste na produção brasileira chegar na ponta. Estados Unidos e China também estão colocando o pé no freio, enquanto as exportações da União Europeia devem cair, o que pode ajudar.

No segundo trimestre, os resultados de gigantes como BRF, Seara, Tyson e Pilgrim’s Pride foram prejudicados por uma queda nos preços de exportação de frango, atribuída pelas empresas a um excesso de oferta global.

    Os alojamentos no Brasil atingiram um pico no primeiro trimestre, resultando em um aumento na oferta exatamente no momento em que os primeiros casos de gripe aviária foram identificados no país. Houve uma antecipação dos embarques e consequente queda nos preços com especulações sobre o impacto que a influenza aviária poderia ter no setor.

    Com as medidas adotadas para conter a oferta, o Brasil produzirá menos frango em 2023 do que o esperado inicialmente. A ABPA alterou a sua estimativa para a produção deste ano para algo entre 14,8 milhões e 14,95 milhões de toneladas, o que ainda significa um crescimento de pelo menos 1,9%. No início deste ano, a associação esperava um volume superior a 15 milhões de toneladas.

    A projeção para as exportações foi mantida perto de 5,2 milhões de toneladas, um aumento de 8% em relação a 2022 e um novo recorde. Para Santin, a diminuição das pressões inflacionárias deve estimular o consumo, inclusive no Brasil. A ABPA espera um crescimento ao redor de 1,5% na demanda doméstica, com um leve aumento no consumo per capita.