O período seco começou mais cedo no Brasil neste ano e já traz consequências, como o aumento expressivo no número de queimadas.
Até 9 de junho, mais de 26 mil grandes focos de queimadas foram registrados no Brasil, um crescimento de 52% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Trata-se do segundo maior número de queimadas desde o início das medições em 1998, atrás apenas de 2003.
A estiagem apareceu a partir de meados de abril, inicialmente em Minas Gerais. Em maio, enquanto o Rio Grande do Sul enfrentava sua maior inundação na história recente, uma boa parte do Brasil viveu um período seco e muito mais quente que o normal. Essas condições diminuíram a umidade do solo rapidamente e secaram a vegetação, resultando na situação atual.
A vazão dos rios também está muito baixa. No Norte do País, por exemplo, um acompanhamento feito pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) indica que o fluxo de maio foi o quarto pior de um histórico de 94 anos, levando-se em consideração apenas rios com potencial para geração de energia.
No Pantanal, o nível dos rios também está muito baixo com risco de eventual paralisação da navegação no rio Paraguai e restrição de captação de água em cidades como Corumbá, em Mato Grosso do Sul.
Não há perspectiva de mudanças para as próximas semanas. Estamos cada vez mais próximos do inverno (a estação começará no dia 21 de junho), época mais seca do ano na maior parte do Brasil.
E o agro?
Neste momento, a estiagem não traz tantos impactos negativos para o agronegócio porque estamos em período de colheita de culturas como café, cana-de-açúcar e algodão.
Porém, na primavera, durante a volta da chuva, será necessária uma precipitação maior que o normal para que a umidade do solo alcance valores razoáveis para o plantio. O cenário para a estação aliás, é de atraso na regularização da chuva especialmente nas regiões Sudeste e Centro-Oeste.
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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.