Meteorologia

Com chuva, colheita de soja volta a atrasar em Mato Grosso

Chuva será frequente até o fim da primeira semana de março em Mato Grosso, empurrando o plantio do milho. No Rio Grande do Sul, o calor excessivo retorna

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A colheita da soja e o plantio do milho avançaram rapidamente na última semana em Mato Grosso, maior estado produtor, com a diminuição das chuvas. O percentual de colheita, no entanto, continua abaixo da média dos últimos cinco anos, segundo o Imea. E pode continuar assim.

Na próxima semana, a chuva voltará a acontecer de forma mais frequente no Estado e prosseguirá, pelo menos, até o fim da primeira semana de março. O clima mais úmido diminuirá o ritmo dos trabalhos de campo, empurrando o plantio e desenvolvimento do milho mais para o fim do outono, época em que já não chove muito. Podemos falar, portanto, em um aumento no risco climático para a safrinha.

O aumento da precipitação também será sentido a partir da semana que vem no sudoeste de Goiás, especificamente na região de Rio Verde, além do nordeste de Mato Grosso do Sul, na região dos Chapadões.

Já no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, o calor excessivo diminuiu rapidamente a umidade do solo. O que se ganhou com a reposição pela chuva, entre novembro e janeiro, perdeu-se nas últimas semanas.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, por exemplo, a atual umidade do solo é comparável com a do ano de 2021, a segunda menor dos últimos 20 anos, perdendo apenas para 2024. No Nordeste, o atual período também é um dos mais secos das duas últimas décadas, atrás de 2010, 2014 e 2017.

A região mais seca é o centro do estado da Bahia, onde há poucas lavouras de milho verão. A situação é menos dramática no oeste do Estado, principal região produtora de grãos.

A massa de ar quente que castiga o Brasil não irá embora completamente. O calor ainda será excessivo em Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, leste de Goiás e no entorno de Brasília, além da Mogiana, no estado de São Paulo.

Áreas de milho do norte de Minas Gerais registram perdas pelo longo período sem chuva, segundo informações do último boletim da Conab. Sem a perspectiva de uma chuva forte no curto prazo, a região afetada poderá aumentar. O calor excessivo continuará sobre áreas de café, laranja e cana-de-açúcar.

Rio Grande do Sul

O último fim de semana foi um dos poucos com chuva no Rio Grande do Sul, que sofre em meio ao clima seco e calor intenso. A precipitação acumulada ficou em torno dos 45 milímetros, dando um alívio às áreas de soja que estão em floração. A umidade do solo continua abaixo do normal, mas, após a chuva recente, o déficit hídrico não alcança valores mínimos como no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

Mesmo com o alívio temporário, serão necessárias mais precipitações para estancar as perdas, sobretudo para a soja que ainda está em floração — área que corresponde a 32% do total cultivado no estado. O calor excessivo reaparecerá durante boa parte da próxima semana, voltando a reduzir a umidade do solo. Novos episódios de chuva podem ocorrer a partir da quinta-feira da semana que vem.

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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.