As simulações atmosféricas têm aumentado, cada vez mais, a chance do primeiro corredor de chuva finalmente aparecer sobre as regiões Sudeste e Centro-Oeste, espalhando para o Norte (Pará e Rondônia) e Matopiba. O sistema aparecerá por volta de 14 de dezembro e prosseguirá até os últimos dias do mês.
O tal corredor é uma frente fria que estaciona sobre o Espírito Santo, organiza a umidade da Amazônia sobre o interior do Brasil e gera precipitação abrangente com a ocorrência de invernadas. Por enquanto, os maiores acumulados são projetados para Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São Paulo e interior do Rio de Janeiro.
O problema é que, por conta do fenômeno El Niño e das altas temperaturas observadas nos oceanos Atlântico Norte e Índico, a formação da primeira grande chuva atrasou cerca de dois meses.
A consequência é conhecida: há um grande atraso na instalação de soja em boa parte do país. De acordo com a Conab em relatório de 27 de novembro, 75% das áreas tinham sido semeadas até esta data em todo o país ante 86% no mesmo período de 2022. E muitas áreas plantadas necessitam de replantio. O plantio da primeira safra de milho também está atrasado, com 55% das áreas semeadas ante 69% no mesmo período do ano passado.
Replantio também no sul
Também há problemas na região Sul, mas pelo excesso de chuva. Há relatos de replantio de soja no Rio Grande do Sul por apodrecimento das raízes devido à elevada umidade do solo.
Vale destacar que a mudança da “gangorra” da chuva para o centro e norte do Brasil fará com que a região Sul passe por um período com tempo seco e temperaturas elevadas no fim de dezembro.
Como os cortes de chuva resultaram em estiagens e secas prolongadas nos últimos três anos, alguns produtores mostraram-se preocupados com essa projeção. Mas, diferentemente dos últimos anos, em que tivemos o fenômeno La Niña, o atual período com o El Niño não terá ausência prolongada de chuva.
Aliás, a boa notícia é que a precipitação retornará em janeiro na medida certa para o desenvolvimento das culturas, sem os extremos vistos na primavera.