Estreia

Como gerir os riscos financeiros e de commodities do agricultor

Rafael Harada, CEO da Virtus Advisors, estreia coluna mensal sobre gestão de riscos, tema cada vez mais relevante para o agricultor

É com imenso prazer que me junto hoje ao seleto time de colunistas do TheAgribiz. Aqui, quero colocar à disposição do leitor a minha experiência profissional adquirida em mais de 20 anos de gestão de riscos de mercado de um grande conglomerado internacional, abrangendo tanto os riscos financeiros quanto os de commodities.

A gestão de riscos de commodities no Brasil passa por uma transformação veloz com a facilitação do acesso dos produtores rurais aos mercados de capitais através dos Fiagros, por exemplo.

Portanto, segurança e gestão de risco passaram a ser temas discutidos, em maior ou menor medida, com mais ou menos sofisticação, em todas as rodas que leem o The AgriBiz.

Pretendo trazer também insights sobre os mercados globais de commodities, como eles estão sendo tratados nas mesas de operações globais de alta performance e alto risco, facilitando a compreensão das tendências atuais e futuras dos preços.

Os mercados de commodities são mais fascinantes e desafiadores que os financeiros. Eles não são apenas títulos “de papel”. Sua complexidade em termos de importância para a economia real de forma global, a diversidade de participantes, os mecanismos de formação de preços futuros e as dinâmicas de negociação são únicos.

Diferente dos ativos financeiros, que são mais influenciáveis por fatores psicológicos como o sentimento de mercado e expectativas de taxas de juros, as commodities possuem uma âncora natural na formação dos preços futuros devido à inevitável convergência para o mercado spot.

Ou seja, movimentos especulativos podem alterar a expectativa futura e mover o preço spot da ação de uma empresa criando uma bolha duradoura, mas não conseguem alterar por muito tempo a realidade de oferta e demanda de uma commodity com entrega física.

A análise de qualquer mercado de commodity leva em consideração muito mais do que aspectos de curto prazo, focando mais em grandes tendências e ciclos. A tangibilidade, o valor intrínseco e a relevância econômica e geopolítica de alguns produtos são determinantes. A elaboração de modelos detalhados dos fundamentos de oferta e demanda se torna o diferencial crítico para o entendimento dos mercados e possibilita a identificação de ruídos nas tendências que são, de fato, oportunidades.

O ano de 2024 já se iniciou de forma desafiadora para o produtor brasileiro, com os preços respondendo fortemente ao aumento da produção global (mesmo com quebra local).

No curto prazo, seguimos olhando a evolução fenológica e macroeconômica na Argentina. Nos próximos meses vamos entrar mais a fundo nas conversas de safrinha e intenção de plantio no Estados Unidos, com um olho no trigo na Europa.

De um jeito simples, atento e profundo ao mesmo tempo. Se não der para explicar de um jeito fácil é porque a análise não está boa o bastante. Prometo essa vigilância permanente por aqui.

Conto com vocês nessa jornada.

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Rafael Harada, colunista de The AgriBiz, é CEO e cofundador da Virtus Advisors. Possui mais de 20 anos na gestão de riscos de commodities e câmbio na JBS, onde foi diretor global de gestão de riscos. É engenheiro com ampla experiencia em mercados de commodities agrícolas e finanças corporativas.