De um bom anfitrião, se espera cortesia. Pois as autoridades chinesas cumpriram o protocolo, liberando a carne bovina brasileira depois de um mês da suspensão provocada pelo caso atípico do mal da vaca louca.
Teoricamente, a Administração-Geral de Alfândegas da China — a toda poderosa GACC — já poderia ter retomado as compras de carne do Brasil desde 2 de março, quando foi confirmado que o caso era mesmo atípico, mas a Pequim interessava dar o presente só às vésperas da visita de Estado do presidente Lula.
Para a alegria dos frigoríficos e do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, a gentileza chinesa não ficou só nisso. Pela primeira vez desde a pandemia, a GACC habilitou novos frigoríficos brasileiros para vender ao país, um marco de uma relação que sofreu com um excesso de zelo durante a política de covid zero dos chineses.
No pior momento, autoridades sanitárias de Pequim pediram ao Ministério da Agricultura para suspender a exportação de carne produzida em alguns frigoríficos brasileiros apenas porque funcionários dessas unidades tiveram diagnóstico positivo para a doença, o que não era exatamente um argumento técnico.
Ao todo, quatro empresas foram agraciadas com as novas habilitações: JBS, Astra, Frisa e Frigon, que tiveram abatedouros de bovinos liberados. Pequim também retirou as suspensões que vigoravam contra o abatedouro de frango da BRF em Marau (RS) e o frigorífico Ramax (o antigo Redentor) em Guarantã do Norte (MT).