ENTREVISTA

“A empresa do meu filho está inativa e não participou do leilão”, diz Neri Geller

O secretário de Política Agrícola conversou com The AgriBiz e deu sua versão, distanciando a participação do filho de qualquer negócio com o governo

Sob forte escrutínio após a revelação das conexões entre o leilão da Conab para importar arroz e pessoas próximas — incluindo o filho e um ex-assessor parlamentar —, o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, vem tentando desfazer a crise que o caso provocou.

De sua fazenda, em Mato Grosso, Geller conversou com The AgriBiz no início desta tarde e deu sua versão, distanciando a participação do filho Marcelo Geller de qualquer negócio com o governo federal. “Com certeza, o leilão não tem nenhuma influência minha”, disse.

Neri Geller diz que a empresa de seu filho está inativa e não participou de leilão da Conab para importar arroz | Crédito: Agência Câmara

O político mato-grossense reconheceu que Robson França, o dono da corretora Focal e da bolsa que participou do leilão, foi seu assessor parlamentar e chegou a montar uma sociedade com seu filho. Como The AgriBiz revelou mais cedo, a Gf Business Ltda Me foi criada em agosto do ano passado, tendo França e Marcelo Geller como sócios.

“A empresa que o Marcelo é sócio não participou de nenhum leilão e está inativa”, argumentou Geller.

Segundo ele, o filho tinha montado mesmo uma sociedade com França, mas se afastou da Gf Business Ltda Me após Geller assumir a secretaria de Política Agrícola. “Ele está morando em Floripa e a empresa está inativa. Não fez nenhuma operação”.

O secretário disse que, após tomar conhecimento das conexões, procurou o próprio filho para se certificar. “Eu fui checar porque meu filho tem independência. Ele é produtor rural. Ele foi categórico. Não participou de nenhum leilão e a empresa dele está inativa”, repetiu.

A repercussão também levou Geller a procurar França. “Fui falar com ele e ele foi até meio duro comigo. ‘Ah, deputado, eu tenho que tocar minha vida. Não estou mais no seu gabinete’”, contou o secretário.

Procurado por The AgriBiz, França também falou sobre a sociedade com o filho de Geller. “Nós tínhamos aberto uma empresa distinta a essa, mas o negócio acabou não ocorrendo. Não tivemos faturamento nem conta bancária. Não teve nada. Acabamos abrindo e não deu continuidade”, afirmou.