Política Agrícola

Era uma vez um leilão; Neri Geller fora do Ministério

Carlos Fávaro aceitou pedido de demissão do secretário de Política Agrícola após controverso leilão do arroz ter revelado uma teia de conflitos de Geller na pasta

As suspeitas sobre o controverso leilão do arroz derrubaram o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, e levaram a Conab a anular o certame. Conforme revelou The AgriBiz, o leilão jogou luz a uma teia de conflitos de interesses públicos e privados envolvendo Geller, seu filho Marcelo e dois ex-assessores parlamentares.

Fávaro afirmou a jornalistas nesta terça-feira que aceitou pedido de demissão de Geller. Já o presidente da Conab, Edegar Pretto, informou que um novo leilão será realizado e o modelo, reavaliado. Por enquanto, não foram divulgados detalhes a respeito dessa nova versão.

“Somente depois que o leilão é concluído é que a gente fica sabendo quem são os vencedores. A partir dessa relação, começaram os questionamentos sobre capacidade técnica e financeira para honrar os compromissos. Com todas as informações que reunimos, decidimos anular esse leilão”, disse Pretto.

Os conflitos de Geller

Os conflitos de interesses de Geller esbarram em diferentes atores. A Foco Corretora de Grãos, responsável por 11 dos lotes vencedores do leilão, pertence a Robson Almeida de França, que foi assessor parlamentar de Geller entre 2019 e 2020. França também é presidente da BMT, a Bolsa de Mercadorias de Mato Grosso que foi a responsável pelas ofertas em que a Foco teve clientes vencedores.

A BMT e a Foco não tinham qualquer tradição em participar de leilões da Conab. Elas sequer existiam até o ano passado, quando o ex-assessor parlamentar de Geller se tornou sócio de Marcelo Geller, filho do agora ex-secretário, em uma outra empresa.

Ainda não há informações sobre a permanência de Thiago José dos Santos no cargo de diretor de Operações e Abastecimento da Conab, um cargo chave na realização dos leilões. Santos também foi assessor parlamentar de Geller entre 2019 e 2023, e chegou a trabalhar com França no mesmo gabinete.

Em entrevista ao The AgriBiz no sábado, Geller negou qualquer tipo de influência no leilão. Santos negou qualquer tipo de envolvimento do ex-secretário na operação e França disse que a sua sociedade com o filho de Neri Geller acabou não deslanchando.