Regulação

Paradeira dos fiscais agropecuários tumultua operação dos frigoríficos

Nos pátios, caminhões se avolumam e atrasam embarques de carnes ao exterior

A paradeira dos fiscais agropecuários começa a atrapalhar as operações dos frigoríficos, atrasando a emissão dos certificados sanitários internacionais necessários para que as cargas refrigeradas saiam das fábricas rumo aos portos.

Em meados de janeiro, os fiscais agropecuários federais entraram em operação-padrão — ou Pente-Fino, como eles mesmos denominam. O movimento se intensificou em fevereiro, em reação às negociações salariais frustradas com o governo federal.

Nas agroindústrias, a rotina está ficando cada dia mais difícil, com a demora na emissão dos certificados. Nos pátios, caminhões se avolumam e já há até relatos de problemas na emissão dos documentos necessários para o transporte interno de produtos como farinha de carne e ossos — usados na fabricação de ração.

Fiscais agropecuários protestam

Antes do início da operação-padrão, a emissão da documentação nos frigoríficos fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) demorava, em média, 3,1 dias. Em fevereiro, esse prazo ultrapassou 5 dias.

Pode parecer pouco, mas em uma cadeia longa já é suficiente para causar danos à operação e, no limite, atrapalhar as exportações e respingar nos preços no campo — em um efeito cascata que poderia chegar aos criadores de boi gordo, aves e suínos.

Em pauta, está uma velha demanda dos fiscais agropecuários: a equiparação da carreira (e, portanto, dos salários) aos auditores da Receita Federal.

Na última sexta-feira, representantes da Anffa, o sindicato dos fiscais agropecuários, se reuniu com o Ministério da Gestão e Inovação. Saíram de lá irritados, diante da falta de perspectivas.

“O posicionamento do governo demonstra um descaso com a atividade de defesa agropecuária conduzida pelos profissionais, que atuam no limite da capacidade em portos e aeroportos, entre outros postos de trabalho”, escreveu a Anffa, em uma breve nota publicada no dia 16 de fevereiro.

Para uma fonte que acompanha os desdobramentos, a movimentação dos fiscais é uma tentativa de incluir o pleito de reestruturação da carreira na Lei de Diretrizes Orçamentárias, que precisa ser enviada até 15 de abril. A situação fiscal, no entanto, mostra que a solução está longe de ser simples.

Entre os fiscais, sobra até para o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. Na terça-feira pela manhã, está marcada uma reunião sobre o tema dos sindicalistas com o secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart. A provável ausência do ministro no encontro é motivo de frustração, reduzindo as chances de um avanço nas negociações, avaliou outra fonte.