Crédito

Sem IOF: E-agro já emprestou R$ 30 milhões para compra de máquinas

Novo formato de título foi lançado na Agrishow deste ano, com foco em compras de equipamentos do grupo AGCO

Um novo modelo de crédito lançado pelo E-agro, plataforma online de crédito rural do Bradesco, está rapidamente conquistando o produtor rural. Trata-se de uma CPR estruturada especificamente para a compra de máquinas e equipamentos, deixando os próprios veículos (novos ou seminovos) como garantia. Lançada na Agrishow deste ano, a nova CPR já tem R$ 30 milhões em operações contratadas de crédito.

As taxas dos títulos são parecidas com a da Selic, diz Nadege Saad, superintendente executiva do Bradesco e responsável pelo E-agro. “Os juros são maiores do que uma taxa subsidiada, por exemplo, mas ainda vale a pena para o produtor porque não existe uma linha do governo com uma taxa de um dígito só para a compra de veículos seminovos, por exemplo”.

Além disso, as operações são isentas de IOF e não há custos com deslocamento do produtor até uma agência ou cartório, ao contrário de um financiamento tradicional nos bancos das montadoras. O funding do crédito provém de LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio) captadas pelo Bradesco.

Nessa primeira fase piloto do novo título, podem ser adquiridos equipamentos pertencentes ao grupo AGCO, dono das marcas Massey Ferguson, Valtra e Fendt. O principal objetivo é desburocratizar a compra desses produtos, trazendo mais agilidade para o produtor — seguindo o trabalho já realizado pela plataforma desde o ano passado.

O produto representa uma pequena fração do primeiro bilhão em crédito concedido pelo E-agro ao longo do último ano, mas deve já contribuir para a ambição da plataforma de dobrar esse montante até o fim de 2024, abrangendo tanto a concessão de crédito quanto a comissão por vendas realizadas no marketplace. “Queremos trazer na plataforma tudo que o produtor precisa”, diz a executiva.

Nadege Saad, responsável pelo E-agro, diz que a fintech quer “pescar mais no aquário” do Bradesco | Crédito: Divulgação

Por enquanto são 50 parceiros de negócios cadastrados na plataforma, com previsão de chegar a 100 até o fim do ano. Hoje, estão contemplados pontos como linha amarela e defensivos e, daqui para frente, devem entrar players do ramo automotivo também.

O número de produtores cadastrados chega a 7.500, dos quais 2.100 já tomaram crédito ou compraram algum produto. Cerca de 40% estão ligados à pecuária, metade está ligada ao setor de grãos e os demais produzem outras culturas, como café, citrus e cana.

As ambições do E-agro

É apenas o início de um trabalho ambicioso. “O Bradesco tem dois milhões de produtores na base, com 400 mil deles com crédito pré-aprovado. A gente quer pescar mais nesse aquário, conseguindo trazer para a plataforma pelo menos metade desse montante que já tem crédito pré-aprovado”, diz Saad. Ao todo, são R$ 56 bilhões em crédito pré-aprovado.

No ano em que o mercado financeiro se assustou com o produtor, o E-agro passou a olhar mais atentamente para esse público. Hoje, a plataforma consegue acompanhar o dado de histórico de pagamentos dos produtores dentro das revendas. Além disso, oferece consultores para ajudar o produtor a estruturar sua CPR ao entrar na plataforma —quando foi lançada, no ano passado, a única opção era uma CPR 100% digital para pessoa física.

Daqui para frente, outro ponto vislumbrado por Saad é a formatação de alternativas de crédito relacionadas à sustentabilidade, como a CPR Verde. Hoje, o E-agro já trabalha com a Rede ILPF (Integração Lavoura Pecuária e Floresta), de olho construir metodologias para a mensuração da captura de carbono.

“A gente entendeu que precisa de um olhar mais criterioso do que falar só que um produto é verde. É importante, mas queríamos fazer alguma coisa mais estruturada”, diz Saad.