
Em uma espécie de volta às origens, a TerraMagna voltou a colocar fichas no serviço de análise de crédito para revendas, a primeira verticial explorada pela startup antes de mergulhar de cabeça na concessão de crédito.
Fundada por Bernardo Fabiani e Rodrigo Marques, a TerraMagna separou a área de análises de crédito em uma nova empresa, a TM Digital. A ideia é dar escala ao negócio ao mesmo tempo em que continua com o área principal, de concessão de crédito por meio de FIDCs em parceria com a gestora Milênio.
A TM Digital chega ao mercado oferecendo uma plataforma que se baseia no motor de gestão de risco usado pela própria TerraMagna. Trata-se de uma esteira, formada por um conjunto de módulos que ajudam as empresas a tomarem decisões desde a concessão de crédito até à cobrança.
Com o lançamento, a fintech entra no mercado de infraestrutura de tecnologia de crédito, competindo lado a lado com nomes como Tarken — a agtech de Luiz Tangari que fez uma captação recente com Monashees, Mandi e Maya Capital —, Traive e Sette (antiga A de Agro).
Essa incursão pelo mercado de Software as a Service (SaaS) para o agro será comandada por Carolina Vergeti, executiva que já foi gerente de produto na empresa — cuidando de soluções ligadas ao barter.
“Nós fazemos gestão de risco desde 2017 e, agora, apresentamos uma plataforma inédita ao mercado, um sistema que pode ser contratado de forma altamente customizável e que se adapta a qualquer tipo de política de crédito”, explica Vergeti, ao The AgriBiz.
No novo cargo, o foco é convencer os clientes de que vale a pena adotar a nova solução principalmente pela eficiência que a plataforma pode trazer.
“Hoje, os distribuidores têm cerca de oito a dez fontes diferentes de análises de dados, sejam eles bureaus de crédito, ferramentas de análises de mercado e de pontos ligados às questões ESG. Com essa plataforma, trazemos todas essas informações num único ambiente, com recomendações para a tomada de decisão”, afirma.
Na prática, a plataforma da TM Digital usa a inteligência do próprio relacionamento das revendas com os produtores.
Se uma loja quer fazer uma campanha focada em fazendas a partir de um determinado tamanho, a plataforma da TerraMagna ajuda a encontrar esses públicos-alvo, já combinando com uma análise de bureau de crédito e aspectos ligados a ESG.
“A gente já consegue dizer onde ir, quem procurar, quais são as decisões que poderiam ser tomadas antes mesmo de a empresa investir nessa ação a campo”, explica Vergeti.
Resumidamente, a plataforma entrega recomendações de decisões (além dos dados), bem como a integração entre a jornada de crédito e cobrança, além de consultoria com especialistas.
A empresa não divulga a economia média em reais que essa simplificação pode trazer, mas prefere se apoiar na eficiência em prazo para a concessão de crédito.
“Nós percebemos que os clientes levam cerca de uma semana para tomar uma decisão [de crédito] e, com a nossa solução, conseguem analisar e formalizar garantias em uma hora, no máximo”, ressalta a executiva.
A ambição é chegar a 150 empresas daqui até o fim do ano, reunindo revendas, distribuidoras e cooperativas. Não existe um porte mínimo de companhias que possam contratar a nova solução, uma vez que a plataforma pode ser vendida em módulos que variam de acordo com a demanda.
Estimativas de faturamento da nova divisão ainda não foram divulgadas.
***
A TerraMagna administra, em parceria com a gestora Milênio, quase R$ 1,4 bilhão em crédito por meio de FIDCS. O maior deles é o fundo estruturado para a Agrogalaxy, veículo que possui um patrimônio líquido da ordem de R$ 900 milhões.
A fintech conta ainda com R$ 528 milhões em um outro FIDC, com várias revendas cedendo os recebíveis (multicedente, no jargão do mercado). Todos os fundos são de crédito pulverizado entre milhares de agricultores (multisacado).