FLV

Capitalizada, Open Solo quer ir além das frutas para chegar ao crédito

Criada há dois anos com foco no comércio de FLV, a startup quer aumentar portfólio após aporte do fundo da família Justus Nitzan

Frutas Brasil Open Solo

Na missão de conectar produtores de frutas, legumes e verduras a comércios em todo o Brasil, surgiu, há dois anos, a Open Solo. Nesses 24 meses, a startup já reuniu mais de 300 parceiros, negociou mais de 375 mil toneladas — que se traduziram em um volume financeiro de R$ 800 milhões em vendas — além de ter chegado a dez países.

Ainda é só o começo. A empresa ganhou um impulso para expansão com um aporte do fundo NTN Participações, da família Justus Nitzan (fundadora da Aceco TI, gigante de data centers). 

“A família tem ligações com o agronegócio há mais de 30 anos, o que reforça nosso interesse pelo setor. A gente enxerga a Open Solo como uma oportunidade enorme para crescer. O agro tem muita tecnologia em máquinas, para saber se a chuva está vindo ou não, mas, na hora que vai para o comercial, tudo ainda é muito analógico”, diz Nicholas Justus Nitzan, representante operacional do NTN Participações.

O valor do aporte não foi revelado, mas os executivos afirmam que a startup usará os recursos para ser uma plataforma ainda mais ampla. O objetivo é conectar compradores e vendedores além do FLV, montando um portfólio mais amplo de grãos — hoje, são negociadas apenas vendas de trigo.

Também está na mira a oferta de serviços financeiros para os clientes. Dos R$ 800 milhões transacionados nos últimos dois anos, R$ 200 milhões foram em operações de câmbio. 

“Temos operações com um banco especializado em câmbio, mas agora procuramos uma instituição financeira que também tenha outras ferramentas que possamos disponibilizar para os clientes. Se for possível, também queremos ofertar crédito, por exemplo”, diz Renato Casarin, CFO da Open Solo.

A peça fundamental para os resultados é o fundador da Open Solo, João Paulo Borges, executivo com mais de 20 anos de carreira na Logifruit, uma das principais empresas de importação e exportação de frutas na América do Sul e na Europa. 

Com a experiência acumulada, o executivo partiu em uma carreira solo de empreendedorismo com a Open Solo, conectando produtores de frutas, legumes, verduras e trigo com empresas que desejam comprá-los. A startup não faz a logística dos produtos, mas monitora a entrega de pedidos, ficando com uma espécie de comissão a cada venda realizada. 

“Não fazemos só a intermediação pura e simples, mas temos toda uma metodologia de gestão por trás, para acompanhar a entrega de serviços do produtor ao cliente, desde a embalagem até o destino final”, explica Casarin.

Hoje, os principais compradores são distribuidores e supermercados. Além do Brasil, a startup já atua em mais 10 países, na América Latina e Europa.

A oportunidade

O pulo do gato para o crescimento da operação ainda é a descentralização desse tipo de compra, num mercado predominantemente analógico. “É um negócio ainda muito seco, de compra e venda pura. O mercado ainda é muito carente dessa preocupação em acompanhar todos os processos, estar junto e resolver problemas”, diz Casarin.

Ao mesmo tempo, trata-se de um mercado que movimenta bilhões. De acordo com dados da Conab, referentes a 2023, a comercialização de produtos hortigranjeiros movimentou 17,4 milhões de toneladas, que representaram R$ 66,7 bilhões em vendas, refletindo aumentos de 4,7% e de 9,6%, respectivamente, em relação ao ano anterior.

Nos últimos anos, outras empresas surgiram dispostas a explorar esse mercado. No nicho da Open Solo, um dos nomes mais proeminentes é o da Arado, startup que faz a conexão comercial e logística entre produtores, food service e varejo — e que captou R$ 60 milhões no ano passado para continuar a crescer. 

Em relação à concorrente, a Open Solo ainda está em uma etapa anterior. A empresa faz o acompanhamento das negociações, mas não interfere em preços e prazos para as entregas. O foco é a parte comercial — ligar as pontas e acompanhar para que o combinado seja cumprido, trazendo um olhar de gestão mais parecido com serviços de consultoria.

“Imagine que o produtor, em vez de ter que sair prospectando um monte de gente, nos procura com uma carga de produto. É a gente que sai ofertando e que faz o papel de conectar as pontas”, explica Casarin.