A mineira Nagro está em negociações para fechar uma rodada de captação com investidores. A Kinea Ventures — braço de venture capital da gestora controlada pelo Itaú — deve liderar o série A da agfintech, apurou The Agribiz.
De acordo com uma das fontes consultadas pela reportagem, a rodada pode avaliar a Nagro em R$ 130 milhões (post money). Nem todos os detalhes estão fechados, mas a ideia é captar aproximadamente R$ 30 milhões com a série A.
Há dois anos, a Nagro fez a primeira rodada de investimentos, levantando um seed de R$ 5,7 milhões com anjos como Ariel Lambrech (cofundador da 99), Renato Mendes (Oikos), entre outros nomes do mercado financeiro. A startup já passou pelos programas de aceleração da Visa e Endeavor.
Fundada em 2017 por Gustavo Alves em Uberlândia, engenheiro agrônomo que viveu na pele as agruras que um pequeno produtor enfrenta para vencer as burocracias na tomada de crédito, a Nagro aposta na digitalização (a jornada do agricultor começa pelo WhatsApp) para simplificar o processo.
A agfintech estruturou um modelo que vai além da oferta de crédito. Com o AgRisk, plataforma de análise de risco de crédito agrícola, a startup já atende mais de 200 clientes, incluindo revendas agrícolas e fabricantes de insumos como UPL, Mosaic, Heringer, Agrex e Coopercitrus. A plataforma já analisou mais de 190 mil produtores e R$ 90 bilhões em crédito.
O crescimento do software de análise de riscos é uma das grandes apostas da Nagro para ganhar escala. Não à toa, a Nagro colocou um stand da AgRisk no congresso da Andav — a tradicional feira anual da Associação dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários, que está ocorrendo em São Paulo.
Desde a criação, a Nagro já liberou mais de R$ 100 milhões em crédito a pequenos agricultores. A startup obtém o funding no mercado de capitais, com a emissão de Fiagro FIDC. A companhia já levantou dois fundos para dar crédito, em parceria com as gestoras Ghia e Oikos Capital.
Inadimplência
Para continuar crescendo no crédito agrícola, a Nagro terá de provar que seu modelo de análise de crédito é capaz de atravessar as turbulências da atual safra, que aumentou a inadimplência no setor e no próprio veículo de crédito da startup.
O último relatório gerencial do Nagro Ghia, Fiagro FIDC que possui um patrimônio de R$ 114 milhões, mostrou uma inadimplência de 6,8%, um patamar alto. Para se ter uma referência, a Agrolend trabalha com 3% como inadimplência máxima em períodos de stress de mercado.
Entre os fatores apontados para a inadimplência do Nagro Ghia, estão a queda no preço da soja, o atraso nas vendas do grão e problemas climáticos no Sul do país. Mas segundo fontes que conhecem a Nagro, esses indicadores já começaram a melhorar.
Com a Kinea entrando no captable, a startup terá uma validação e tanto de que está no caminho certo. Procurados, Nagro e Kinea não responderam.