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Sette prepara rodada de R$ 10 milhões para buscar o breakeven

Startup criada a partir da fusão entre A de Agro e Bart negocia uma captação com investidores para acelerar o processo de integração e desenvolver novas funcionalidades

Sette

Uma esteira de crédito rural completa que vai da análise da capacidade de pagamento do produtor rural ao acompanhamento da safra por satélite até a formalização das garantias com a emissão eletrônica de uma CPR.

Esse é o espírito que marca o nascimento da Sette, startup criada há pouco mais de um mês após a fusão entre A de Agro e Bart, duas das agtechs mais antigas do ecossistema — ambas são investidas do primeiro fundo da SP Ventures.

Nascida depois de dois anos e meio de conversas entre Mariana Bonora (fundadora da Bart) e Rafael Coelho (cofundador da A de Agro), a Sette terá o desafio de construir uma cultura unificada para um time de 67 pessoas e mostrar que a união criará valor para os investidores.

A sintonia almejada começa dos fundadores, dividindo tarefas. Enquanto Bonora está à frente das operações, exercendo o cargo de presidente, Coelho ficou responsável pelo relacionamento com investidores, o que inclui realizar uma nova captação para acelerar o processo de integração e construir novos produtos.

“Estamos negociando uma extensão de mais de R$ 10 milhões”, contou Coelho em entrevista ao The AgriBiz. Na prática, a primeira captação da Sette será uma extensão da última rodada da A de Agro, seguindo praticamente os mesmos termos, com exceção do valuation, que deve contemplar a soma das duas empresas.

Na rodada série A concluída no ano passado, a startup de Coelho levantou R$ 28 milhões – em diferentes tranches — a um valuation de R$ 100 milhões. A meta agora é concluir a extensão em poucos meses. Para isso, a Sette vem conversando com diversos fundos e já está perto de assegurar R$ 5 milhões.

Destino dos recursos

Com a entrada de capital novo, a Sette pretende não só acelerar o processo de integração, mas chegar ao breakeven até meados de 2025, uma métrica fundamental para mostrar a sustentabilidade financeira da fusão.

“Já fizemos breakeven em alguns meses, mas agora é chegar definitivamente a esse patamar de forma recorrente”, ressaltou Coelho.

Nesta primeira fase de fusão, o principal objetivo é fazer a venda cruzada, aproveitando que a base de clientes de Bart e A de Agro é bastante complementar. Na área de crédito, só a Corteva era cliente das duas companhias, disse Bonora.

Enquanto a Bart oferecia tecnologia para a formalização de garantias a clientes que atuam, principalmente, com insumos agrícolas (revendas, fabricantes de defensivos etc.), a A de Agro vendia sobretudo para instituições financeiras (BTG Pactual, Alfa, Suno, entre outros).

“Conversamos com outras startups no passado e, de certa forma, todas eram um pouco concorrentes nossas. A Bart, não. É totalmente complementar, em clientes e produtos”, ressaltou Coelho.

Não à toa, A de Agro e Bart já fizeram testes de vendas de alguns produtos em conjunto, o que serviu de motivação para seguirem com a fusão — a estrutura de capital, como é comum nesses casos, também deu um empurrão.

Capitalização

Mais capitalizada, a A de Agro já levantou R$ 32,5 milhões desde a fundação, atraindo investidores como SP Ventures, DXA, Fitpart, Banco Alfa e Victor Knewits (fundador da Zenvia).

A Bart, por sua vez, captou R$ 5 milhões, em rodadas que incluíram SP Ventures, E3 Negócios e Bossanova. A última rodada ocorreu em 2022.

Juntas, portanto, as duas já captaram R$ 37,7 milhões com investidores, um montante que vai se aproximar de R$ 50 milhões quando a extensão que está em negociação for concluída.

No processo de criação da Sette, as duas startups precisaram ajustar o quadro com algumas demissões, buscando ganhar eficiência. De um total de 80 funcionários que existiam antes da união, ficaram 67.

Com o time enxuto, o objetivo agora é ter mais dinheiro para decolar, provando que a fusão cria um negócio capaz de desafiar alguns concorrentes que vem crescendo mais rapidamente e são mais capitalizados.

“Queremos fazer a integração sem grandes fricções. Em algumas áreas, não adianta juntar tudo numa mesma caixinha. Se não, não vamos aproveitar o melhor das duas empresas”, disse Bonora.

Entre as startups de análise de crédito, os grandes concorrentes são Tarken, fundada pelo empreendedor serial Luiz Tângari, e Traive, a fintech criada pelo casal Aline e Fabrício Pezente. No registro de recebíveis, a Docket é a principal (e mais capitalizada) rival.