Depois de apresentar resultados abaixo do esperado no terceiro trimestre, a gigante de insumos Corteva atualizou as projeções de resultados para o ano de 2024 pelo segundo trimestre consecutivo. Os investidores não perdoaram: as ações da empresa chegaram a cair 10% antes da abertura, reduzindo as perdas para 5% durante o pregão.
A companhia agora espera uma receita de até US$ 17,2 bilhões (ante o limite de US$ 17,5 bilhões previsto anteriormente). A Corteva até elevou a estimativa de Ebitda em 1% no ponto médio do guidance, mas o lucro por ação ficou menor, numa queda de 5% e oscilando entre US$ 2,50 e US$ 2,60.
As estimativas para 2025 também não são das mais animadoras. A Corteva projeta um discreto aumento de receita (2%) para até US$ 17,7 bilhões, ainda que com um Ebitda mais robusto, cerca de 12% maior do que o deste ano, na faixa de US$ 3,6 bilhões a US$ 4 bilhões.
“Nós continuamos comprometidos com a entrega de tecnologia para nossos consumidores e em gerar valor incremental consistente para nossos investidores”, afirma o CEO, Chuck Magro, na mensagem que acompanha os resultados.
Queda em sementes
No trimestre, mais desafios. A receita caiu 10%, para US$ 2,3 bilhões, refletindo principalmente a redução das vendas na América Latina, de 19%, para US$ 989 milhões. A companhia até aumentou o volume de defensivos vendidos, mas isso não foi suficiente para compensar a queda nas vendas de sementes no período, um fator que poluiu todo o balanço.
A ‘joia da coroa’ da empresa apresentou vendas menores, refletindo a forte redução na área de milho na Argentina e a queda de preços na América do Norte. Globalmente, a área de sementes da Corteva representa 70% do negócio. Regionalmente, a América do Norte faz 65% da receita.
Na América Latina, a queda nas vendas de sementes no trimestre foi de 43%, totalizando US$ 218 milhões. A divisão como um todo teve uma receita 21% menor, somando US$ 691 milhões, que se transformou em um Ebitda negativo de US$ 320 milhões no período — ante US$ 138 milhões negativos no mesmo período de 2023.
Preços menores
Ao mesmo tempo, a parte de defensivos da Corteva segue sob pressão de preços. Em bases consolidadas, a queda é de 8% na comparação com o mesmo período do ano anterior, também refletindo o ambiente mais competitivo na América Latina.
O resultado é que, mesmo com um aumento de 11% no volume de vendas, a receita pouco se mexeu, ficando em US$ 1,6 bilhão, ante US$ 1,7 bilhão no mesmo período do ano passado. Na América Latina, a queda na receita foi de 19%, ficando em US$ 219 milhões.
Mesmo assim, a divisão conseguiu colher benefícios em rentabilidade, dada a redução nos custos de matérias-primas e os ganhos de produtividade. A vertical teve um Ebitda de US$ 246 milhões, alta de 34% em relação ao mesmo período do ano passado, com uma melhora de 4,3% na margem Ebitda.
“Apesar dos desafios de mercado no segundo semestre, estamos no caminho para aumentar margens em 2024”, disse Magro. A companhia deve fechar o ano entregando mais de US$ 400 milhões em economias de custos.