Meteorologia

A geada passou. Agora, a estiagem é a preocupação nas áreas de café

Após frio intenso e geadas isoladas, ausência prolongada de precipitação entra no radar dos analistas

Café

O frio foi intenso nas áreas de café nesta semana, mas poucas estações meteorológicas registraram mínimas próximas ou abaixo de 0°C, valor considerado mais crítico para gerar danos em cafezais.

Dos 26 pontos de medição da mineira Cooxupé — a maior exportador de café do planeta —, três deles (Divinolândia – Baixa Mogiana com -0,5°C no dia 11 de agosto; Monte Belo – sul de Minas Gerais com -0,2°C no dia 13 de agosto; e Patrocínio – Cerrado com 0,6°C em 11 de agosto) tiveram mínimas mais baixas.

A partir de agora, o calor dominará não apenas as áreas de café, mas boa parte do Brasil.

Ainda assim, o clima ainda chama a atenção dos analistas. Isso porque a estiagem é duradoura e não há sinal de chuva nas próximas semanas. Em áreas não irrigadas do sul de Minas Gerais, o déficit hídrico já supera o observado no ano passado. Já no Cerrado, a última precipitação aconteceu em abril.

E, por enquanto, não há chuva forte à vista. Previsões climáticas indicam as primeiras precipitações mais significativas sobre a Mogiana e sul de Minas Gerais a partir do fim de setembro. No Cerrado, a chuva reaparecerá no início de outubro.

Até lá, a chuva ficará mais concentrada sobre a Região Sul. Na semana que vem, o acumulado deverá alcançar 100mm entre o norte do Rio Grande do Sul e o oeste e sul de Santa Catarina, paralisando as atividades de manutenção das culturas de inverno.

Desde julho, a chuva, apesar de forte, vem acontecendo de forma espaçada, mantendo uma condição ideal para o desenvolvimento do trigo especialmente no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina. Isso deverá mudar a partir do fim de setembro, quando a chuva acontecerá com maior frequência.

Isso pode parecer estranho quando falamos que em breve aparecerá um fenômeno La Niña, que justamente aumenta a chance de estiagem na Região Sul. Porém, é importante salientar que, além de mal começar, o fenômeno será fraco, com pouca influência na atmosfera do Brasil.

Desta forma, quem predominará será a climatologia e ela mostra que na primavera chove de forma frequente sobre o Sul.

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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.