A centenária Cedro, uma das primeiras indústrias têxteis do Brasil, levantou R$ 100 milhões com a emissão de CRAs, em séries que vencem entre três e cinco anos, o que ajuda a alongar o passivo da companhia.
Os papéis foram estruturados pela Kinea e encarteirados por fundos da gestora. O KNCA, o principal Fiagro da casa e do mercado brasileiro, alocou cerca de R$ 50 milhões em uma série com vencimento em 2026 e rendimento de CDI + 4% ao ano.
Os outros R$ 50 milhões foram levantados pela Cedro em mais duas séries do CRA, com vencimentos mais longos (2028) e juros mais altos, de CDI + 6,7282% ao ano. Nesse caso, os papéis foram encarteirados pelo KOPA11, o Fiagro de crédito high yield da Kinea.
Listada na bolsa na década de 1980, a Cedro está avaliada em pouco mais de R$ 300 milhões, com ações de baixíssima liquidez. Entre os principais acionistas, estão empresários como Aroldo Teodoro Campos (dono de 26% do capital), Fabiano Soares Nogueira (10,06%) e José Claudio Pagano (6,46%), que já foi um acionista minoritário relevante da finada Livraria Saraiva.
Fundado em 1868 pelos irmãos Antônio Cândido, Bernardo e Caetano Mascarenhas, a Cedro fabrica tecidos (jeans e uniformes profissionais) em quatro fiações em Minas Gerais: nos municípios de Sete Lagoas, Caetanópolis e Pirapora.
Dados financeiros
Pelos últimos dados disponíveis, a Cedro teve uma receita líquida de quase R$ 900 milhões no acumulado do ano passado até setembro, uma queda de 6,2%. Em relatório a investidores, a companhia justificou a redução como uma estratégia para concentrar as vendas em produtos de maior margem.
Com isso, a Cedro conseguiu melhorar a margem bruta. No terceiro trimestre do ano passado, o lucro bruto atingiu R$ 98,9 milhões e a margem bateu 32,9%, bem acima dos 18,3% de um ano antes.
“Trata-se da melhor margem bruta alcançada pela companhia em décadas”, destacou a Cedro no relatório. De janeiro a setembro de 2023, o lucro líquido chegou a R$ 33,8 milhões.
No fim de setembro, a Cedro tinha uma dívida líquida de R$ 213 milhões. Além do CRA levantado recentemente, a companhia também acessou o mercado de capitais no ano passado ao emitir um CRI de R$ 120 milhões, com séries de CDI + 6% ao ano e CDI + 6,5% ao ano.
Para emitir tanto o CRA quanto o CRI, a indústria têxtil se comprometeu com covenants. A cláusula prevê uma alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda recorrente) de no máximo 3,5 vezes. Se esse limiar for ultrapassado, disparará o vencimento antecipados dos papéis.
Na estruturação do CRA, a Cedro e a Kinea foram assessoradas pelo Santos Neto Advogados. A True securitizou os papéis. A mineira Araújo Fontes, boutique de M&A, também assessorou a Cedro.