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Em forte expansão, E-agro estuda entrada de novo parceiro

Marketplace do Bradesco quintuplicou o crédito disponibilizado a produtores em 2024, chegando a R$ 2,4 bi

Nadege Saad, CEO do E-agro, do Bradesco | Crédito: Divulgação

A estratégia de crédito digital fomentada pelo E-agro, marketplace criado pelo Bradesco, está colhendo resultados. Em menos de dois anos de sua fundação, a plataforma liderada por Nadege Saad já liberou quase R$ 3 bilhões em recursos para o produtor rural.

Só no ano passado, o E-agro destinou R$ 2,4 bilhões, quintuplicando o volume de crédito disponibilizado. O salto dá uma medida do potencial da plataforma, que almeja ir além do Bradesco como fonte de financiamento, em um processo que pode abrir caminho para a atração de um novo sócio.

Até agora, o E-agro aproveitou a reputação e a expertise do Bradesco — maior financiador privado do agronegócio — para crescer, mas o plano de construir um marketplace agnóstico, plugando soluções de financiamento de outros players, é parte da estratégia.

“Pode ser banco, pode ser fintech, pode ser cooperativa. Estamos olhando quem possa ser complementar à nossa estratégia e que tenha reputação, oferecendo serviços na melhor taxa”, disse Nadege Saad, head do E-agro, ao The AgriBiz.

A executiva contou que a atração de novos parceiros na originação de crédito pode de desdobrar em uma sociedade, deixando de ter o Bradesco como o único sócio da plataforma.

“O E-agro nasceu como empresa separada com esse propósito. Estamos abertos para ter novos parceiros na originação de crédito e um possível sócio da plataforma”, disse Saad. Neste momento, a ideia está em fase de avaliação e prospecção.

Para onde vai o E-agro

Enquanto analisa as opções estratégicas, o E-agro mantém o apetite de crescimento, marcando presença nas principais feiras agropecuária do País — o Show Rural, que começou nesta semana em Cascavel (PR), é a primeira.

A presença nas feiras faz todo seguindo considerando o interesse do E-agro de melhorar a oferta de crédito rural, incluindo os recursos para a aquisição de máquinas agrícolas novas.

No ano passado, a maior parte do crédito concedido foi feita para fluxo de caixa ou aquisição de insumos. Um terço foi direcionado para a aquisição de máquina agrícolas, especialmente de equipamentos usados.

“Temos o desafio de trazer taxas equalizadas, com algum subsídio para o agricultor ver mais vantagem na compra de máquinas novas. Vamos continuar investindo nisso, sem perder de vista as demais necessidades dos produtores para as CPRs”, disse Saad, citando o principal título de crédito usado pelo E-agro.

A oferta de crédito rural com juros equalizados — subsidiados pelo Tesouro —, aliás, é uma das apostas do E-agro para crescer neste ano. A plataforma vê uma oportunidade para aumentar a presença em linhas subsidiadas como o Pronaf e Pronampe, linhas destinadas a agricultores familiares e médios produtores.

“Hoje, dentro do nosso cenário de marketplaces bancários, não há quem faça Pronampe e Pronaf de forma 100% digital, sendo necessário, por vezes, ir até uma agência. O que temos de vantagens? Em nenhum momento, no nosso marketplace, é preciso ir até uma agência. Além disso, conseguimos carregar as informações de anos anteriores sobre os produtores, acelerando o processo”, contou Saad.

O interesse do E-agro pelas linhas de crédito do Plano Safra é também uma resposta ao momento, de menor liquidez e apetite a risco entre os produtores de grãos. “Acreditamos que o agricultor vai focar nas linhas de recursos obrigatórios e vai segurar o dinheiro mais caro que tiver que tomar”, disse Saad.

Para a head do E-agro, o modelo digital desenhado pela plataforma vai ajudar a crescer nessa modalidade de crédito, a partir de parcerias com projetistas e outros profissionais que ajudam os agricultores com a parte de projeto técnico que precisa ser apresentado aos bancos nas linhas de crédito do Plano Safra.

“A grande vantagem que conseguimos oferecer é a de digitalizar esse processo, trazendo mais controle para os projetistas, além da comissão. Em troca, eles trazem novos clientes para o banco dentro dessas linhas subsidiadas, em que queremos ter mais market share”, explicou Saad.

No ano passado, o E-agro disponibilizou R$ 300 milhões em linhas de crédito do Plano Safra. O produto ainda estava em fase de testes e, agora, está pronto para crescer.