Crédito

Agora vai? Kinea relança oferta para captar Fiagro dolarizado

Gestora já havia tentado tirar projeto do papel em fevereiro, com uma captação de R$ 1 bilhão que não emplacou

Produtor segurou a soja em busca de preço mais alto, pedindo mais tempo para pagar dívidas kinea

Maior gestora de Fiagros do País, a Kinea voltou ao mercado para tentar emplacar o primeiro fundo de agro dolarizado.

Aproveitando a forte desvalorização do real como um chamariz para estimular os investidores a aumentar a exposição à moeda americana, a gestora controlada pelo Itaú acaba de relançar uma oferta para o KDOL11, fundo de agro desenhado para alocar em CRAs denominados em dólar.

O ambiente também parece mais amigável para os Fiagros, com uma janela de ofertas sinalizando uma abertura, como os follow-ons dos fundos de agro de Sparta e Suno indicam.

Desta vez, no entanto, a Kinea reduziu as ambições. Agora, o novo Fiagro da gestora pretende captar R$ 160 milhões, com a possibilidade de chegar a R$ 200 milhões, considerando o lote adicional. Em fevereiro, quando tentou (e desistiu) da oferta do KDOL11 pela primeira vez, a ideia era levantar R$ 1 bilhão.

A Kinea recalibrou a oferta depois de avaliar as condições de mercado e também o perfil de risco imaginado para os ativos que vão compor o portfólio do fundo.

“A recente queda no preço das commodities também reduziu a demanda de capital de giro por parte da cadeia agro, sobretudo para os clientes-alvo do fundo”, disse uma fonte que conhece a tese do KDOL11.

O Fiagro dolarizado da Kinea vai investir em crédito de companhias exportadoras, que já tomam linhas de crédito em dólar por meio de operações como adiantamentos de contratos de câmbio (ACCs) ou pré-pagamento de exportação (PPEs).

Isenção de IR faz a diferença

No fundo, serão estruturadas CPRs em dólares, mas desembolsadas em reais no Brasil ao câmbio do dia. Para o investidor, o principal será corrigido diariamente de acordo com a variação cambial, acrescido de um spread. O retorno-alvo do KDOL é a variação cambial acrescida de 6% ao ano. 

Com esse patamar, e levando em consideração também a isenção de imposto de renda, o fundo pretende democratizar o acesso a um investimento em dólar para pessoas físicas. O período de captação vai até 26 de agosto, com aportes a partir de R$ 1 mil. 

O retorno anual do KDOL11, na simulação feita no material publicitário, ficaria em torno de 8,2% ao ano, ante um retorno de 7,7% de investimentos comparáveis no exterior (pós-imposto de renda).

Para convencer o investidor de que esse patamar de rentabilidade vale a pena, a gestora fez um estudo com dados de 2010 a 2013, em que constatou que um rendimento desse porte ficaria acima do que IMA-B, CDI, IPCA e Ibovespa entregaram. 

De acordo com a Kinea, o retorno total da variação cambial mais 6% durante esse período equivale a 552%, enquanto o IMA-B entregou 380,1% e o CDI, 264,8%. O IPCA, no mesmo intervalo, entregou 129,9% e o Ibovespa, 76,9%.

Alocação do KDOL

Assim como já ocorre nos outros dois Fiagros da Kinea, a gestora vai utilizar sua capacidade de originação e estruturação para montar o portfólio do KDOL11.

A primeira operação que vai compor o portfólio do KDOL11 já foi fechada. Trata-se de um CRA emitido pela Citrosuco, maior produtora global de suco de laranja. No pipeline de ativos potenciais, também há usinas de açúcar e álcool, companhias de grãos e cooperativas. A taxa média do pipeline é de variação cambial mais 7,2% ao ano. 

No KDOL, o foco são emissores high grade, um perfil diferente de seus outros dois Fiagros da Kinea. O KNCA11, líder do mercado hoje com R$ 2,2 bilhões de patrimônio, investe em CRAs de empresas de perfil de risco moderado. O KOPA11, com um PL de R$ 351 milhões, procura operações de maior risco e é restrito a investidores qualificados.

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O Itaú é o coordenador líder da oferta do KDOL11.