Crédito

CAFE11, o Fiagro de café que quer ganhar a bolsa

CAFE11 deve ser um fundo da Suno em parceria com a fintech Big Trade, com potencial para chegar aos investidores de varejo em 2024

O café deve ganhar um fundo para chamar de seu na bolsa de valores, em uma aposta na aproximação entre uma das culturas agrícolas mais importantes da história econômica brasileira e o mercado de capitais.

A Suno Asset, gestora da casa de research fundada por Tiago Reis, conseguiu a autorização da B3 para usar o ticker CAFE11. Ao que tudo indica, o código será usado no segundo Fiagro da gestora, um FIDC Fiagro que vai dar crédito a produtores de café.

Embora ainda não tenha anunciado o CAFE11 como um Fiagro, o registro do código ocorre ao mesmo tempo em que a Suno está estruturando um fundo em parceria com a Bigtrade, fintech mineira fundada por Luiz Octávio Braga.

Com um modelo que usa uma inteligência artificial que vem sendo treinada com mais de 20 mil imagens dos cafezais, a BigTrade vai originar os créditos para o fundo gerido pela Suno.

Fiagro de café (CAFE11)

O regulamento do fundo, disponível na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), já veio em acordo com a nova regulação dos FIDCs, o que deve permitir a listagem das cotas sêniores para investidores de varejo, o público preferencial da Suno.

Inicialmente, o FIDC Fiagro fará uma oferta de cotas destinadas a investidores qualificados, mas a tendência é aumentar o tamanho do fundo com a emissão da cota sênior no varejo.

Quem conhece os planos calcula que o veículo deve começar com R$ 50 milhões, mas as ambições são bem maiores.

Embora ainda seja uma novata, a Bigtrade já declarou mais de uma vez que sonha em chegar a R$ 1 bilhão em crédito, com o que se tornaria uma importante fonte complementar aos produtores.

Para se ter uma dimensão, neste ano o Funcafé — que administra recursos do orçamento da União — já liberou R$ 5,3 bilhões em financiamentos aos cafeicultores, a maior parte nas linhas de comercialização e custeio de safra.

Os planos da Bigtrade estão lastreados por investidores que conhecem do mercado de café. No ano passado, a fintech fez uma rodada de R$ 20 milhões, atraindo o Grupo Montesanto Tavares, uma das maiores tradings de café do país com faturamento de R$ 2,5 bilhões — o PSP, fundo de pensão canadense, é sócio do grupo.

Na disputa pela preferência do crédito aos cafeicultores, a Bigtrade não é a única fintech. A Culttivo, fundada por Gustavo Foz, também possui um Fiagro FIDC (não disponível para o varejo) e recebeu investimentos da Eisa, outra trading de café, e da KPTL, gestora de venture capital fundada por Renato Ramalho.

Procurada, a Suno não comentou.