Às vésperas de encerrar o mandato como CEO do Frigol, Eduardo Miron conseguiu alongar ainda mais o perfil das dívidas e baratear os custos, limitando o efeito negativo da disparada da Selic sobre as despesas financeiras.
Em uma operação coordenada pela Caixa Econômica Federal, o Frigol levantou R$ 75 milhões com a emissão de uma nota comercial com vencimento em quatro anos, ao custo de CDI + 2,4% ao ano.
Com esses recursos, a companhia da família Gonzaga de Oliveira quitou antecipadamente R$ 62 milhões do primeiro CRA emitido pelo Frigol, em 2022. Esse papel venceria daqui a três anos e possuía um custo substancialmente maior, de CDI + 5,75% ao ano.
A gestão de passivo proporcionada pelas notas comerciais se soma à emissão de R$ 160 milhões em CRAs feita pelo Frigol em outubro, uma operação que já havia contribuído com o alongamento do prazo médio das dívidas.
Em entrevista ao The AgriBiz, o diretor financeiro e de relações com investidores do Frigol, Eduardo Masson, disse que as duas operações fizeram o prazo médio das dívidas passar de 15 meses para 26 meses.
Quando se considera apenas as dívidas em reais — excluindo, portanto, linhas de capital de giro usadas na exportação —, a melhora de prazo é mais pronunciada, saindo de 20 meses para 33 meses.
“Nosso custo médio de dívida saiu de CDI + 5,15% ao ano para CDI + 3,97%”, contou o executivo.
Não fosse a empinada da Selic, isso seria suficiente para reduzir as despesas financeiras em 2025. Mas, como o custo de capital no Brasil ficou mais alto, a tendência é que as despesas financeiras fiquem estáveis, o que também não é de se jogar fora. Nesse processo, o Frigol evita os priores efeitos dos juros mais altos.
A emissão das notas comerciais também significou um alívio nas garantias. A nova dívida possui 20% de recebíveis em garantia, ao passo que o CRA emitido em 2022 — e agora quitado — contava com um frigorífico em garantia, além de um montante equivalente a 25% da dívida em recebíveis.