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No rastro do BTG, Vamos prepara emissão de CDCAs

Controlada pela Simpar, a companhia de aluguel de caminhões era uma emissora frequente de CRAs antes das restrições do CMN

Vamos Caminhão

No rastro do atalho multibilionário — e isento de impostos — aberto pelo BTG Pactual, a Vamos está nos preparativos finais para lançar uma emissão de CDCA, uma oferta que deve ser coordenada pela XP Investimentos, apurou The AgriBiz.

Controlada pela Simpar, holding da família Simões que também é dona de companhias listadas como JSL e Movida, a Vamos era uma emissora frequente de dívidas usando CRAs (seis emissões no total).

Os títulos, isentos de imposto de renda para o investidor, eram um instrumento de funding mais barato, mas que ficou indisponível para players que têm uma relação menos direta com o agronegócio após as restrições aplicadas pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

Com a restrição, companhias como Vamos, Burger King e BTG Pactual ficaram impedidas de financiar com CRAs. Na últimas semanas, no entanto, o banco de André Esteves mostrou um caminho para captar com títulos isentos ligados ao agronegócio.

A partir da Engelhart, trading de commodities agrícolas que pertence ao banco, o BTG levantou R$ 8,5 bilhões com CDCA, em uma mega-oferta que contou com mais de R$ 12 bilhões em demanda.

Para a Vamos, os CDCAs não serão exatamente uma novidade. Em várias das captações realizadas nos últimos anos, a companhia usou CDCAs como lastro para a emissão de CRAs. A diferença é que agora os investidores vão aplicar diretamente nos CDCAs.

Do endividamento total da Vamos, que soma R$ 12 bilhões, cerca de 25% (R$ 3 bilhões) são CRAs, dos quais R$ 1,1 bilhão estão lastreados em CDCAs e o restante em debênture — um “CRAbênture”, como se convencionou chamar no mercado.

O que é agro na Vamos

Embora não seja uma companhia exatamente agrícola, a Vamos é bastante exposta ao setor. No aluguel de caminhões, principal negócio da empresa, alguns dos principais clientes são companhias agrícolas ou agroindústrias, tais como o grupo sucroalcooleiro Tereos.

Nos últimos anos, a Vamos também se consolidou como uma grande concessionária de máquinas agrícolas, distribuindo as marcas da AGCO (Massey Ferguson, Fendt e Valtra). O mercado de máquinas agrícolas, aliás, foi um dos principais responsáveis pelo reação negativa dos investidores ao balanço da Vamos no segundo trimestre.

Para uma fonte que trabalha na distribuição de crédito, a captação da Vamos deve vir com um volume relevante. A intenção de lançar a oferta em breve já reflete receios de que o governo federal possa restringir também os CDCAs, em mais um esforço para aumentar a arrecadação.

Enquanto isso não acontece, emissores como BTG e Vamos estão absolutamente dentro das regras do jogo.

Não há casca de banana nas operações estruturadas pela Vamos. Historicamente, a controlada da Simpar usou como lastro para os CDCAs as operações de aluguel de máquinas e caminhões para empresas do agronegócio — um tipo de financiamento que não foge às regras do que prevê esse tipo de título.

Para as finanças da companhia, o funding mais barato deve ajudar na gestão da estrutura de capital. A meta da Vamos é continuar com um índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) abaixo de 3,75 vezes, o limite estabelecido nos covenants de empréstimos tomados pela companhia. Em junho, o indicador estava dentro desse limite, em  3,39 vezes.

Procurada por The AgriBiz, a Vamos não comentou.

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Listada na B3 desde 2021, a Vamos está avaliada em R$ 9 bilhões. No ano, as ações caem 12%.