Dívidas

O agro está longe de ser o vilão da recuperação judicial entre empresas, mostra Serasa

Levantamento do birô de crédito revela que os pedidos de recuperação judicial entre empresas do agronegócio ficaram estáveis, ao contrário do comportamento da economia em geral

Marcelo Pimenta, da Serasa

Um olhar atento aos dados da recuperação judicial mostra como o agronegócio — produtores rurais ou empresas — está longe de ser um vilão, apesar das preocupações que as RJs naturalmente provocam nos credores e investidores do mercado de capitais.

Dados divulgados com exclusividade pela Serasa Experian ao The AgriBiz mostram que os pedidos de recuperação judicial entre empresas do agronegócio ficaram estáveis no primeiro trimestre — ainda não há dados consolidados para além desse prazo.

De janeiro a março, 82 empresas ingressaram com o pedido de recuperação judicial. É exatamente o mesmo número do ano passado, demonstrando uma estabilidade que pode ajudar a tranquilizar os humores.

Para efeito de comparação, os pedidos de recuperação judicial de todos os setores da economia mostra como o agronegócio é sólido. Na economia em geral, o número de pedidos de recuperação judicial explodiu.

De acordo com os dados da Serasa, os pedidos de RJ em todo o país aumentaram 73% no primeiro trimestre, saindo de 289 para 501. Nesse levantamento, já há dados até julho, que mostram um aumento ainda maior, de 805. Ao todo, foram 1,2 mil pedidos de recuperação judicial de empresas no país.

Em nota, o head de agronegócio da Serasa, Marcelo Pimenta, voltou a afirmar que não há uma crise generalizada no campo. Em entrevista ao The AgriBiz no início do ano, o executivo afirmou que parte dos problemas se deviam a créditos mal concedidos.

Ainda assim, é fato que as recuperações judiciais entre produtores rurais na pessoa física vem aumentando, ao contrário do que ocorreu no universo de empesas do agro.

Recentemente, a Serasa divulgou os dados relativos aos produtores, mostrando um crescimento expressivo. De janeiro a março, foram 106 pedidos de produtores rurais  — um salto de quase sete vezes na comparação anual.

Os pedidos entre os produtores, aliás, são maiores do que o número de pedidos entre empresas do agro.

Para Pimenta, as dificuldades de liquidez em parte do agronegócio, e notadamente nos produtores rurais, deveriam ser sanadas a partir de renegociações, usando alternativas como a indústria de Fiagro.

Aos credores, a Serasa aposta em sua plataforma AgroScore para ajudar a antecipar a piora de qualidade dos devedores, o que poderia evitar a concessão de financiamento para companhias ou produtores a caminho da recuperação judicial.