Depois de entregar um semestre difícil, a Agrogalaxy espera fechar o ano com inadimplência perto dos patamares históricos de um dígito (abaixo de 10%). A empresa não abre qual foi o índice de inadimplência no segundo trimestre, quando registrou prejuízo de R$ 257 milhões, mas garante que o problema está sendo equacionado.
“Conseguimos receber R$ 200 milhões depois de fechar os números do segundo trimestre”, disse Eron Martins, que assumiu a diretoria financeira e de relações com investidores da empresa neste mês, ao The Agribiz.
Welles Pascoal, presidente da rede de revendas controlada pelo Aqua Capital, disse que foi preciso endurecer com produtores inadimplentes. “Negativamos clientes”, contou.
O calendário também começou a jogar a favor da empresa. Com a proximidade do plantio da soja e a liberação dos recursos do Plano Safra, muitos produtores precisaram renegociar seus vencimentos para comprar insumos para o plantio e tratos culturais. A melhora na relação de troca de soja por fertilizantes para o produtor também ajudou na retomada das negociações.
Guidance
Numa das primeiras medidas da gestão Martins, a Agrogalaxy divulgou guidance para receita e Ebitda em 2023, o que não era uma prática até então. “Era importante trazer essa transparência”, disse Martins, que já foi CFO da Lavoro, outra grande rede de revendas do país. Os números ajudaram o mercado a ter mais visibilidade da recuperação que os negócios podem ter no segundo semestre, sazonalmente o mais relevante para o setor de insumos.
A empresa estimou receita líquida entre R$ 11 bilhões e R$ 11,3 bilhões neste ano, uma leve queda em comparação com os R$ 11,6 bilhões de 2022 considerando o tombo do primeiro semestre. A previsão para o Ebitda ajustado ficou entre R$ 500 milhões e R$ 550 milhões, ante R$ 705 milhões no ano passado.
Num trimestre destinado a colocar a casa em ordem, como dizem os executivos, a Agrogalaxy conseguiu devolver R$ 400 milhões em estoques a fornecedores e vender R$ 900 milhões com campanhas especiais. O inventário, que em dezembro de 2022 somava R$ 1,6 bilhão, caiu para R$ 300 milhões ao final do segundo trimestre.
“Isso representa 20% dos pedidos que a gente já tem dentro de casa para faturar durante o ano”, disse Pascoal. “Começamos a jogar com nível de estoque baixíssimo”, completou Martins. Isso possibilitou à empresa voltar a comprar a preços atuais. Em cerca de um ano, os preços dos fertilizantes caíram pela metade e, no caso dos herbicidas, a retração supera 70%.
Dias contados
Com o problema dos estoques resolvidos, Martins se preocupa agora com o atraso nos pedidos para a safra 2023/24, cujo plantio começa em setembro em algumas regiões e acelera no mês seguinte.
“Os dias estão contados. Se tivermos algum tipo de distúrbio, alguns produtores podem ficar sem receber o produto na data desejada”, afirmou o CEO.
A boa notícia é que o movimento tem acelerado em relação às últimas semanas, com os embarques de produtos dobrando na semana passada em comparação com a anterior, disse. “Nos sentimos muito melhores do que estávamos há 90 dias”, disse Pascoal. “Ao final da safra, estaremos falando que correu tudo bem”.