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SLC faz mais duas aquisições e chega a R$ 1,7 bi em M&As

Companhia dos Logemann comprou duas fazendas da Mitsui, assumindo o “filé mignon” em Minas Gerais a um preço extremamente atrativo

Fazenda Pamplona Unaí
Fazenda Pamplona, na minera Unaí: SLC já era dona de boa parte das fazenda. Agora, assumiu o que restava ao fechar negócio com a Mitsui

Ivo Brum bem que avisou. A SLC acaba de anunciar mais duas aquisições, desembolsando R$ 913 milhões para assumir fazendas que já operava por meio de arrendamentos, mas que pertenciam aos japoneses da Mitsui.

Em apenas uma semana, a companhia da família Logemann assinou praticamente R$ 1,7 bilhão em M&As, uma demonstração do apetite voraz da maior companhia agrícola do Brasil.

As aquisições anunciadas nesta sexta-feira foram feitas em duas transações. A maior delas fica em São Desidério, no oeste baiano. A SLC chegou a um acordo para adquirir a Fazenda Paladino, uma área de quase 40 mil hectares totais e 21,9 mil hectares agricultáveis.

Pela Fazenda Paladino, a SLC vai pagar R$ 723 milhões, a serem pagos em duas parcelas de R$ 361,5 milhões — a primeira na assinatura do contrato e a segunda daqui a um ano.

A segunda transação com a Mitsui é a compra de uma área de 7,8 mil hectares na mineira Unaí. Essa área faz parte da Fazenda Pamplona, cuja maior parte já pertencia à SLC. Pela área de Unaí, a companhia dos Logemann vai pagar R$ 190 milhões.

Como já opera as áreas — com exceção de um pequeno trecho de 502 hectares em Unaí —, as aquisições não representam uma expansão da área plantada para a SLC.

As transações até poderiam gerar alguma dúvida nos investidores que preferem a estratégia asset light de arrendamentos, mas o preço pago pela SLC nas duas aquisições mostram uma barganha difícil de resistir.

Na aquisição da Fazenda Paladino, o preço do hectare agricultável saiu a R$ 32,9 mil. “Essa área na Bahia vale pelo menos 50% a mais”, disse um concorrente que conhece profundamente a região. Para essa fonte, a terra pode facilmente valer R$ 48 mil por hectare, considerando a soja a R$ 120 por saca.

Em Minas Gerais, o preço saiu ainda melhor. “Ali é o filé mignon, um solo com 38% de argila na Chapado do Unaí. Chove bem e pode ter até café arábica”, acrescentou a fonte. Para esse especialista, não seria surpresa se as terras mineiras valessem R$ 80 mil por hectare.

Para a Mitsui, as transações representam a conclusão de um processo de saída da agricultura no Brasil, depois de duras perdas com a Multigrain, uma trading de grãos que foi fechada.

Com os M&As desta sexta-feira, Agrícola Xingu vendeu as últimas áreas que detinha. Anos atrás, a companhia já havia vendido outras terras para a própria SLC e para a fundos de terras geridos pela 051.

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Ontem, o diretor financeiro da SLC, Ivo Brum, já havia indicado que a companhia possuía espaço para mais aquisições. Em teleconferência com analistas, o executivo lembrou que o nível de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda) continuava comportado mesmo após a compra das operações da Sierentz.

“Quando estamos abaixo de 2 vezes, a recomendação do conselho é que a gente continue crescendo. Então, se surgirem oportunidades interessantes, a gente vai olhar com carinho.

Com a compra da Sierentz, a alavancagem da SLC ficou próxima de 2 vezes.

Na B3, a SLC está avaliada em R$ 8,2 bilhões. No ano, os papéis sobem 7,5%.