O rali do Lek Trek parece não ter fim. Ancoradas em duas revisões positivas divulgadas nesta segunda-feira pelos analistas dos bancos JP Morgan e Goldman Sachs, as ações da BRF dispararam, na maior alta do Ibovespa.
Às 12h31, os papéis da dona da Sadia subiam mais de 10%, arrastando também a controladora Marfrig, que sobe 4%. Em doze meses, a BRF acumula uma valorização de 187%, enquanto a companhia de Marcos Molina subiu 70%. No mesmo período, o Ibovespa caiu 18%.
A disparada da BRF nesta segunda-feira é um reflexo direto da melhora no ambiente para a exportação de carne de frango, notadamente no Oriente Médio — onde a marca Sadia é líder disparada.
“O preço das exportações de carne de frango do Brasil está melhorando, e os sinais de recuperação continuam graças a uma relação entre oferta e demanda mais equilibrada”, escreveram Lucas Ferreira, Froylan Mendez e Sebastian Hickman, analistas do JP Morgan.
Em bases anuais, o preço está 6% mais alto, de acordo com dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior).
A situação do mercado internacional, que responde por quase metade do faturamento da BRF, representa um ponto de virada, engordando as margens. Em boa parte do ano passado, os preços do frango estavam em baixa, pressionados por uma oferta excessiva em várias partes do mundo.
No mercado brasileiro, os sinais também são positivos, com os preços dos alimentos processados se estabilizando em níveis ainda fortes, de acordo com o JP Morgan.
Não bastasse isso, os custos com grãos (insumo crucial para a BRF) estão ajudando a dona da Sadia, assim como os outros players de aves e suínos.
De volta ao básico
Como poucas vezes nos últimos dez anos, a BRF encontrou um alinhamento de astros, com as condições de mercado ajudadas pela recuperação dos indicadores operacionais da companhia.
Nesse ambiente, o JP Morgan revisou para cima a recomendação para ações da BRF, saindo de neutra para overweight (o equivalente a compra).
No relatório distribuído a clientes nesta segunda-feira, o analista Thiago Bortoluci, do Goldman Sachs, também enfatizou os ganhos do programa de eficiência operacional da BRF, que trouxe R$ 2,2 bilhões.
Desse total, R$ 2 bilhões já apareceu no resultado do ano passado, o equivalente a 42% do Ebitda divulgado pela BRF, disse Bortoluci.
Agora, a empresa está trabalhando em uma segunda fase do programa de eficiência, o que deve ser chave para proteger a rentabilidade quando o ambiente de custos for menos favorável, argumentou o analista do Goldman Sachs.
Bortoluci também revisou a recomendação para a ação da dona da Sadia, que era negativa e agora é neutra. Apesar do cenário positivo para 2024, o analista do Goldman Sachs acredita que o momento da empresa já está devidamente precificado.
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Em bolsa, a BRF está avaliada em R$ 27 bilhões.