Estratégia

5% de share: As ambições da Camil no mercado de café

Dona das marcas União, Seleta e Bom Dia, companhia da família Quatiero está reajustando os preços do café em 10% em janeiro.

A Camil ainda está tateando o mercado de café, um negócio em que ingressou há pouco mais de dois anos com a compra da marca Seleto, mas o CEO Luciano Quartiero é um entusiasta de longa data do potencial de crescimento da companhia na categoria.

Numa teleconferência com analistas nesta sexta-feira, o empresário disse que, após a recente expansão realizada na torrefação de Varginha (MG) —a unidade foi comprada da Café Bom Dia no fim de 2021 —, a Camil poderia chegar a 5% de participação no mercado brasileiro de café torrado e moído.

“Fizemos uma expansão da nossa capacidade industrial. Quando adquirimos a planta, a capacidade era de 2 mil toneladas [por mês]. Expandimos para ficar levemente acima de 5 mil toneladas”, disse Quartiero.

Trabalhando com as marcas União, Seleta e Bom Dia, o negócio de café da Camil ainda está muito restrito aos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, mas a intenção da companhia é ampliar as fronteiras.

Camil Café

“Nossa ambição é muito maior do que isso. Se usar a capacidade que temos hoje, daria 5% de share nacional”, emendou o CEO da companhia.

Mas para crescer em um mercado em que ainda está aprendendo, a Camil vem agindo com cautela, prestando atenção na concorrência para não errar na estratégia de precificação dos produtos.

No ano passado, os preços do caíram, mas o movimento de baixa agora já passou e um reajuste está a caminho, disse Quartiero. “Estamos anunciando um aumento de preço em janeiro. Não só nós. Mas os concorrentes também. É uma alta de quase 10% que está sendo implementada”, disse.

Aos poucos, a Camil ganha confiança para crescer no mercado de café. “Lentamente, estamos conquistando o nosso espaço”, concluiu o empresário.

Parte de um movimento de aquisições deflagrado em 2019, o que também incluiu a entrada da companhia no negócio de massas e a compra da Mabel, de biscoitos, a estreia em café faz parte de um objetivo de diversificar receitas, entrando em produtos de maior valor agregado.

Tradicionalmente, a companhia estava concentrada em arroz, feijão e açúcar, negócios de alto giro de volumes, mas margens mais acanhadas.

Atualmente, os negócios de alto giro respondem por 62% do volume e 51% a receita da Camil. Os produtos de alto valor (massas e biscoitos, café e pescados) perfazem apenas 7% do volume, mas 17% da receita. A fatia restante é completada com a operação internacional (Uruguai, Chile, Peru e Equador).

De março a novembro de 2023 — os primeiros nove meses do exercício fiscal —, a Camil fez uma receita líquida de R$ 8,5 bilhões.

A companhia está avaliada em R$ 2,9 bilhões.